tag:blogger.com,1999:blog-37487298246929447132024-03-08T02:19:41.330-08:002008(BlogLivro)
Uma novela autobiográfica.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/04251698440518933854noreply@blogger.comBlogger71125tag:blogger.com,1999:blog-3748729824692944713.post-31040622965770307022013-08-01T16:52:00.001-07:002013-08-01T16:52:45.876-07:00Póstumo 2013E em 05 anos. Talvez era, no que o Pequeno talvez houvesse, se tornado gigante e chegado de tantas esferas.<br />
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Em 05 anos, póstumos, talvez vivera. E um dia assim, como se o sol tivesse mesmo um brilho castanho: ouvira de novo o nome do amor.<br />
<br />Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/04251698440518933854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3748729824692944713.post-54154809669129221602009-07-29T11:40:00.000-07:002011-02-08T07:00:11.212-08:00Posfácio do autorA obra <b>2008 </b>chegou ao fim de seu processo criativo.<br /><div><br /></div><div>Os capítulos todos concluídos estão elencados ao lado e acima: o último capítulo, com apenas cinco títulos.</div><div><br /></div><div>O autor espera ter agradado aos amantes da leitura com esta novela virtual de seus amores.</div><div>Agradece também àqueles que postaram seus comentários, fazendo-se portanto parte da obra virtual, além de todos que carinhosamente enviou email ao autor e o estimulou nesse processo confessamente doloroso.</div><div>Agradece ao Waldo Motta e, por fim, aos que acompanham <b>2008</b> ainda e por tempo inderteminado.</div><div><br /></div><div>A obra continuará na rede, portanto, o autor pede àqueles que gostaram da leitura que divulguem este <b>BlogLivro</b>.</div><div><br /></div><div>Termino, por fim, com uma frase do Álvares de Azevedo que diz: </div><div>" A <i>vida</i> é uma planta misteriosa</div><div>Cheia d'espinhos, negra de amarguras,</div><div>Onde só abrem duas flores puras,</div><div>- Poesia e amor..."</div><div><br /></div><div>Um carinhoso abraço,</div><div>Christiano Scheiner</div><div><br /></div><div>"2008: último romance" foi iniciado em 2009 e escrito semanalmente pelo autor e finalizado no mesmo ano. Os aspectos biográficos são confundidos por criações fictícias criando uma viagem não-identificável ou menos identificável daquilo que foi fato e daquilo que foi conto. O autor deu-se liberdade de gerar, a partir de seus casos de amor (muitas vezes não concluídos) um enredo sem nomes, por meio de apelidos, em que tendo-se como personagem principal se coloca como que empurrado por seus impulsos psicológicos conflitando com acontecimentos circunstanciais.</div><div><br /></div><div>"2008" foi composta originalmente para ser lido em Blog, portanto a sua denominação de BlogLivro. Os leitores, ao postarem seus comentários, acabam por participar diretamente da obra como um todo, seus comentários nunca, no tempo de vida deste Blog, serão apagados. </div><div><br /></div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/04251698440518933854noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3748729824692944713.post-8632302182545502162009-07-18T07:09:00.000-07:002013-08-01T16:51:02.847-07:00PóstumoNão tinha palavras para projetar o futuro: estava ali à porta. Sairia com os amigos no último dia do ano de seus mistérios, e quem sabe, logo viria a se tornar um desses megalomaniacos existenciais. Viver como um velho ou como auto-artesão: novíssimo.<br />
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À custa de doença cancerosa poder imacular-se novíssimo. Sem temor algum da morte ou pior da morte que é dos amores. De repente se encontrar como se nunca tivesse amado ninguém com o olhar sóbrio e doce que num só momento aliviasse certas angústias alheias, mas nunca as suas. Era o encanto que transmitia?</div>
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Seria bom se apenas pudesse ouvir as melhores músicas daquele ano e não se lembrar dos fatos que lhe regrediram. Sem amor poderia ainda reescrever seu último capítulo por muitos anos e muitas vezes diferentemente ao voltar naquele último dia.</div>
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Por que sempre sobra um fantasma, em seu celular e nas suas moléculas também a mensagem do rico que lhe dizia que nunca iria descansar do pequeno. Naquele dia ainda pudera dizer, de passagem e por muito tempo, que conhecia o amor. Poder dizer que amara já não era fantástico? </div>
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Ele ouvia coisas da imaginação e sorria: o vento transbordava ainda algo de glória. Voltar a fingir seria um bom exercício pra se dar continuidade à vida. Se rezou foi por que deus criara o tempo e todas as coisas que irão morrer com o tempo.</div>
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Vez ou outra sairia ferido, e furaria novo piercing, até novos olhos furaria e se acometesse de ser mais um na vida ainda causaria perturbação em novas rotinas. Como acontece tranquilamente entre a gente.</div>
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Vez ou outra seria apenas minúsculo e cresceria como argila em mãos de quem o possuísse.</div>
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Era bom que dominasse o passado e sua prepotente força, a ilusão era mesmo mais fascinante. Não se deve confiar na memória, dizia. Era horrível de ver aquele riso de lado. </div>
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Ele abandonou a todos estando sempre ali. </div>
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Era isso que escorria de sua echarpe ao vento, tentando ficar bonito com uma roupa de inverno. Tentando ficar bonito ao fazer novas amizades e até pretender nas antigas algum carinho cumplície.</div>
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Ninguém era diferente que tu, pequeno, porque todos fingiram e todos viveram os seus destinos a sós, as suas dores de dentes a sós, a suas lacunas a sós e os bons devaneios. Se ressuscitasse alguma de suas vítimas, se ressuscitasse algum de seus amores em sua imaginação: brincaria, sorrira, porque podia de ingênua vida a frente.</div>
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Aprendera com seus gatos. Mas, se um dia tivesse que dobrar a espinha dorsal para alguém, era capaz de se decidir pelo não.</div>
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A partir de 2008 tudo era possível. Pessoas que vivem em apartamentos nunca estão com os pés totalmente à terra, pensou levantado na sacada em que fumou um cigarro inteiro. Era moço, tinha a barba mal feita e um coração nobremente vazio: vencera o destino.</div>
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Mas quem o visse assim tão gargalhante, pequeno, poderia mesmo imaginar que andara pensando em coisas de amor?</div>
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- Talvez.</div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/04251698440518933854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3748729824692944713.post-52581370100133866562009-07-11T08:10:00.000-07:002009-07-11T08:36:44.136-07:00Réquiem 1.997Vinte anos depois de nascido. Se é que história se faz de ciclos, aí está. O pequeno desde então viveu um sonho bom, mas era a sua história, era sua história.<div><br /></div><div>Muita coisa talvez tenha passado desapercebido pelo autor, e muita coisa subentendido pelo autor, muita coisa quem sabe metaforizada por conta dos mistérios próprios de uma história inteira. Mas quem dirá então que uma história também não é feita das subjetivas formas de ficção.</div><div><br /></div><div>Ao pequeno, pouco medo de se submeter ao universo íntimo em que vez ou outra emergia para dar provas de que sim, era existente, tinha matéria e um corpo orgânico que caminha por entre as ruas: chuvosas ou não.</div><div><br /></div><div>Por que Personne brincava naquela nova manhã com um palito de dentes é que ele resolvera se lembrar do rico. Resolvera, pensem, como ele resolve pensar se o pensamento já não era algo a ser? Era assim com o pequeno.</div><div><br /></div><div>Tirou o brinquedo da gata e pensou em cutucar-se um pouco as palmãos da mão, tinha a pele tão fina naquela localidade cheia de linhas e avisos. tinha um inúmero de memórias. tinha um inúmero de desejos: ainda. Matar o rico era difícil com todas as boas lembranças, a materialidade de suas vidas, o segredo ao qual se encarnara por si próprio, como se fosse boa aventura, ou bem aventurança, ao estar na Ilha não tocar seu nome. Os nomes não falados não são existidos, e as histórias, estas que ninguém precisava ouvir. A não ser o ouvido do rico precisava ouvir. A não ser no seu ouvido precisava lembrar de coisas boas que ele lhe dissera dos tempos bons. E por aí ficou.</div><div><br /></div><div>Mas a saudadinha, esta palavra mórbida, naquele instante sim! mórbida, lhe provocava a ânsia de ter se enganado. Na casinha do nordeste, evitou tanto pensar que lá entrou: bem do jeito como ele queria, parece até que o rico sabia de como o pequeno gostava de se colocar nos espaços. Todas as lembranças daquelas fotos todas. O nunca inverno de uma região longe do sul. O nunca inverno, até nisso o rico acertara! </div><div><br /></div><div>Quem era mais monstro afinal pequeno? Quem? E se tu não tem coragens de matá-lo em 2008, o que seria da tua vida depois disso: uma grande batalha com os ventos desta região pra baixo. Há paraíso embaixo do Brasil, pensou. Pensou e pensou e burlava em pensar, talvez tentando encontrar versos só para não distrair toda aquela angústia que se apodera da encruzilhada.</div><div><br /></div><div>Mas o rico, o rico mesmo que desaparecia, por conta de uma briga, inofensiva, e que sempre fora assim, de lhe pegar quando bem quisesse, acaso na casinha vossa seria diferente? Tu ficarias lá, pequeno, menor ainda, e não verias outra solução a não ser esperar que o rico, por endereço certo e por ter tudo certo, bem do jeitinho que queria, lhe pudesse ter e se dispor do teu riso e até das suas lágrimas. Parecia mesmo que sabia quando chorava e que gostava de lhe ver sofrer. Mas essa não era a parte monstruosa, porque é natural que o ser humano vez ou outra goze da dor de quem ama.</div><div><br /></div><div>E tivesse toda a inteligência para falar dos ódios e suicídios, e tivesse toda a inteligência para enredar nós, e concretizar até personagens bem gordos e feios. Tivesse, não naquela hora. O momento do palito de dentes que nem chegava a ferir as mãos, porque a pele, embora fina, era resistente à picada.</div><div><br /></div><div>Só faltam dois dias, este e mais um, para o final do ano, e para o final desta obra também. Sorria. A esperança que era inimiga, por que nunca passaram um final de anos juntos? Por que nunca nunca iriam passar. Porque era orgulho demais. Dois orgulhosos obesos de si. E um amor inacabado. Talvez ficasse deste jeito, parado no último instante em que se olharam pela última vez que tinha sido amarga não fosse o efeito do remédio rosa acalmando os nervos e os cuidados.</div><div><br /></div><div>Era melhor ter-lhe feito um novo carinho, ter-lhe seduzido novamente, ter-lhe abraçado gentil e aceito a proposta, ainda que a protelasse.</div><div><br /></div><div>Por que da alma vem certas éticas como vem de ódio também? Sim, porque está tão escondido quanto os sentimentos vis, essas coisas que a gente também tenta esconder para não parecer piegas diante de um mundo caótico e aparentemente contemporâneo, contemporâneo de erros, quem saberia.</div><div><br /></div><div>Ao rico pouco importava estas questões, posto ser questão de posse. E isso era tão medieval que chegava a deixar os olhos do pequeno bastante sinistros. Quais eram as coisas que o pequeno não queria ver do rico, que escondera naquele verão lindo, que fizera questão de arrumar sem notar as notas, os nomes, os relatórios e as fotografias?</div><div><br /></div><div>Eram metáforas, nada mais, coisas que o pequeno não precisava saber. Ele, elezinho tinha claro em si que não lhe interessava saber e que não precisava saber, e que se o seu homem lhe dizia: és meu segredo. Como segredo não deveria se comportar, se havia amor?</div><div><br /></div><div>Quando começou a escrever o Perverso, a segunda obra gay, tinha tanto de si e dele, tinha tanto do que imaginou fosse bem para ambos. E desaparecer, mas não, tinha agora endereço fixo, e fixaria ali seus pés, suas letras, sua história novamente. Não viveria mais de lá pra cá em busca de não ter no que pensar ou a quem fugir. </div><div><br /></div><div>Fugira de saber quantas verdades? Porque ao se desligar a tv, é uma decisão muito importante não querer mais se informar e dormir em paz. Não é?</div><div><br /></div><div>Bom que o pequeno tinha seus videogames. Voltaria ao ano que se conheceram para aniquilar da memória tudo o que lhe acontecera então e bem definidamente traçar um novo ano, como fazem os mortais de coração. Posto o coração morrer por metáfora, ou morrem certos amores, por que não morrem então de velhice?</div><div><br /></div><div>Já caducou a espera e o encontro e os personagens caducaram em suas éticas e moralismos. O pequeno não era moralista, mas ao ver ou ouvir, ou não-saber do que era feita a riqueza do rico, tinha sim um certo pavor ou um ímpeto estranho de moralizar o mundo.</div><div><br /></div><div>O telefone tocara várias vezes, no seu celular, e era ele. E enquanto tocava o pequeno pensava que venceria: não, não desceria as escadas da grande vila ao encontro do seu grande amor, porque não era grande um amor feito de covardias. </div><div><br /></div><div>Deitou no chão bem rente e o telefone parou. E voltou a tocar. E parou. E voltou a tocar e parou. Foram cinco vezes que o pequeno matara o rico.</div><div><br /></div><div>Lamentou sentir certo ódio e dormiu.</div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/04251698440518933854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3748729824692944713.post-9737218525734238482009-07-05T13:09:00.000-07:002009-07-05T13:43:34.293-07:00Réquiem 1.977Acordara tão limpo e bem nutrido que parecia-lhe até que já era 2009, abriu um pouco só da janela e abafou os gatos com muito cuidado. Gostava de mexer em suas patas, brincar com elas e com as unhas e o pêlo de cima, macio e confortável, e deixar que eles fincassem um pouquinho na sua pele fina também. Os gatos ronronavam e pediam mais um pouco.<div><br /></div><div>O ditoCujo a essas alturas já existia, é verdade, e a Personne era uma personagensíssima dentro do univero que o pequeno criara. O apartamento estava mudo. E ao redor de todo o silêncio não sobrava assassinatos dos dias anteriores ou despedidas.</div><div><br /></div><div>O que estava morto, morrera enfim, e o dia recomeçado era por um tempo só: um dia inteiro de vida ainda. Claro que lhe faltaria pensar no rico até o final do ano, mas não quis. Por uma decisão sóbria, apenas terminou de abafar os gatos e brincar com eles, arrumar a casa e deixar que eles bagunçassem um pouquinho. Mais tarde eles bagunçariam ainda mais!</div><div><br /></div><div>Recebera a visita de um amigo e daí sim fora pego de surpresa, por que afinal os amigos fazem perguntas que cabem tão dentro das cabeças certas e dali resolvem implicar um pouquinho. É a pergunta e não os amigos.</div><div><br /></div><div>Foi um pouco triste reconsdirar aquela tarde em que não pensava em morte alguma, pensava sim, nos gatos e só neles. O amigo era tão inocente e queria tanto participar mais daquele mundo: por que um dia tu não pensas em voltar?</div><div><br /></div><div>- Voltar pra onde?</div><div><br /></div><div>- Não sei, são tantas viagens. Você nem fala mais em Brasília, aliás, você nem fala.</div><div><br /></div><div>Era até bonito de ver o queixo do pequeno tremer assim desprevenido e correr os olhos em busca de algo fixo, uma triangulação que não soube ou não aprendeu no seu teatrinho. Era mesmo bonito de ver como ele pensara ou calculara não chorar na frente do amigo e tentar disfarçar que estava mesmo ficando frio em alto verão! E que se o café acabasse faria outro, não?</div><div><br /></div><div>Pôs a mão na sacada. Não se poderia acabar com a alegria tão jovial e a curiosidade tão simples daquele amigo seu.</div><div><br /></div><div>- Talvez eu faça uma festa pra Personne, em janeiro.</div><div><br /></div><div>E a mudança de rumos foi exageradamente perfeita. Falaram dos balões e da maneira como cantariam parabéns. Dos convidados e das surpresas e de que seria um dia de sol como aquele. A visita saiu e deixou o pequeno por conta de si e da sua pergunta sem resposta ainda. Na qual nem pensaria em responder posto que não a formulara e nem a formularia talvez nunca.</div><div><br /></div><div>Porque se lhe perguntassem ele teria respondido que a cidade em que fora mais feliz fora a cidade natal e teria respondido também, que embora não fosse um artista brasiliense e que nos pés da tal catarina depositara votos da sua demência, talvez nem ousasse sonhar novamente em habitar por aqueles céus. Sabe-se lá que tipo de afeição o exilado toma pelo exílio. </div><div><br /></div><div>Matar uma cidade inteira de si seria muito difícil, pequeno, não ouse brilhar os olhos assim, é disso que os gatos tem medo quando correm de ti e saltam e pululam quando tu emerge teus braços pequenos sobre o ar e diz: está feito.</div><div><br /></div><div>Não, o pequeno não dizia coisas sozinho: porque era feio. Melhor era escrever. Melhor era tentar verificar no céu daquela ilha ou na temperatura mesma alguma similaridade. Não tentar buscar passado algum, criança alguma que tenha nascido naqueles céus. De fato, se nascera por corpo na cidade predileta, fora por coração criado naquela ilha que não lhe era hostil, não mais. Aprendera ali, afinal, a tantas artimanhas, e havia tantas outras.</div><div><br /></div><div>Daí que se viu chorando de insônia aos sete anos de idade, era uma insônia bem ruim e triste, porque não podia acordar os pais com probleminhas desses. Assim pensara durante longo tempo e não podia dizer às outras crianças que não tinha medo do escuro, porque certamente elas não iriam acreditar. Daí se lembrou de brincar. E não tinha brincado boa parte da manha com seus gatos? Tinha, isso não se acaba nunca por ser adulto ou por continuar pequeno.</div><div><br /></div><div>Se morresse em 1.977 poderia ser que sobrevivesse um pouco mais no ano que vem, com mais frieza olharia para os novos casos de amor e diria muito claro: eu nunca amei e estou feliz de sentir isso. </div><div><br /></div><div>Olhou para os inúmeros remédios. A noite estava muito bonita e ainda não tinha chorado nada. Era frio o coração sensato. Sentou-se com inúmeras esperanças e em nem uma delas havia Brasília. A cidade que lhe valera mais felicidade era coisa de outra encarnação, a cidade de nascer era uma cidade bonita e construída com olhos viris e erguida para não ser de seu destino.</div><div><br /></div><div>Em todo caso, Floriano, que nem de perto chegou a conhecer a história, deixara seu nome bizarro bem tatuado nas revistas de turismo. Gargalhou um pouco. Sim, iria aniquilar seus tantos anos de vida. E decidiu fundar seu império de novos amores, caso acontecesse, riu de novo, ali: Brasília, afinal, era ainda muito quadrada e geometricamente perfeita para o seu corpo ossudo e canhoto.</div><div><br /></div><div>- Não é preciso chorar, meus gatos, eu ficarei aqui e vocês nunca passarão pelo estresse que é de sair do lugar que lhes é de direito.</div><div><br /></div><div>E ficou feliz de segurar os bichos novamente e abafá-los novamente de mil denguices e depois limpar suas areias, como se fora mais um dia.</div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/04251698440518933854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3748729824692944713.post-85957524236180295512009-07-02T10:42:00.000-07:002009-07-02T10:56:46.519-07:00Réquiem X.XXXSe nós o vimos um dia aniquilando o diabo e outras imagens. Se o víssemos um dia sob sangue de ter amado a cristo, era criança o pequeno quando o idolatrou carnal.<div><br /></div><div>Se tudo isso o vimos fazer e o lemos desde já como um monstrinho andante por aí, não era de se esperar um bom final para o nosso pequeno. Naquele quarto dia anterior ao final do ano, ele se acometera de mais alguns crimes surdos: fez uma lista de todos os infelizes, tantos quanto possíveis, e por um carinho apenas deslizou os olhos a medida que contemplava sua próxima ação.</div><div><br /></div><div>Em seu quarto, foi e veio, várias vezes, e por cada um, masturbou um pouco, alguns gozara alguns não. Por cada um ejaculou um pouco de si. Num ritual que durou e lhe durou um custo de suores também. Não chorava, porque sabia se despedir assim e daquele jeito todo seu se despir de idéias insonsas e insones e pequenos detalhes que lhe foram vagos durante a vida amorosa.</div><div><br /></div><div>Os retratos de memória, e os relances de olhares promíscuos embora todos disfarçados de carinho. Ah, o nosso pequeno sabia assassinar pensamentos e criaturas que lhe custaram tempo. Não que fosse por crueldade, mas o tempo mental de suas idéias insanas: a elas preferia doar o tempo. O tempo é algo que se compra com uma batalha íntima, pensava enquanto ejaculava.</div><div><br /></div><div>Claro que pela própria organicidade do corpo ele juntou em um ou outra punheta uns dois ou três infelizes e, como toda boa prática de fantasia sexual: estava em braços da luxúria. Luxúria esta que só se acometia a pensamentos. Fantasias foram feitas para se fantasiar, tinha claro o pequeno. </div><div><br /></div><div>Tinha claro esse domínio de não precisar ir até lá, a matéria era algo muito distante de si. Ou assim se achava, ou assim, várias vezes se encontrara mais feliz. Ria, e gargalhou algumas vezes: fora um dia intenso. Naqueles últimos dias de 2008 fazia sol ou chuva? Não, naquele dia, tinha um lençol todo encharcado de porra: era o sangue desses tristes passantes que um dia ou mais que um, alguns meses até, lhe dedicaram profunda consideração.</div><div><br /></div><div>Logo perceberemos que esses andantes, feitos de testes e coitos e diabruras da vida, nada tinha a ver com nosso personagem. Resumia-se ao rol dos infelizes: os pecadores de si.</div><div><br /></div><div>- Com que me ousas te trair?</div><div><br /></div><div>Era algo heróico que o pequeno tentava lhes dizer: não vês que a ilusão está posta! E por todos os lados. De onde vens esses fantasmas todos de memória, algumas embaçadas ou tresloucadas demais. Muitas vezes, na fantasia se faz uma espécie de rito: um que lhe agradava mais logo, feito holograma, se transformara em outro. E o dia inteiro foi assim, sem nenhuma baga relaxante. O pequeno tinha coragem o pequeno. Tinha até o pinto duro e as mãos moles, porque era fragilzinho de seu fôlego fumante.</div><div><br /></div><div>Mas era o dia de matar de uma vez os resquícios sem validade do acúmulo, do que se poderia dizer, burocrático de seu coração.</div><div><br /></div><div>Réquiem ao ex. Ao quase ex. Ao ex-amor. Às ex-possibilidades. Aos possíveis que não lhe tocaram. Aos passivos que lhe dispensaram tempo. Aos pacientes que trocaram seus olhos com o pequeno e até tentaram, em vão, lhe tocar um pouco a pele. Que pele distante é essa, pequeno, que se conforma em si e luta consigo mesmo para ter-se a si mesmo: potestade.</div><div><br /></div><div>Deus está em mim, e eu estou em deus. E deus eu matei para ser pequeno.</div><div><br /></div><div>Dormiu às 24horas: 00:00. Exatamente: e felizmente não se lembrara mais do dia tão exausto de assassinar lembranças desnecessárias. Afinal, em uma hora o lençol estaria seco e ele dormiria ainda com cheiro que vinha de si.</div><div><br /></div><div><br /></div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/04251698440518933854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3748729824692944713.post-15923388625691694692009-07-01T14:25:00.000-07:002009-07-02T11:11:45.950-07:00Réquiem 1.994Havia uma parte que eu não sabia do pequeno. Uma parte do qual ele se fazia para si mesmo e para mim, intocável: distante: embora não fosse discreto: já que de demência corre a neblina.<div><br /></div><div>Naqueles cinco últimos dias de 2008 voltara à quadra de tênis, onde levara as crianças de um tal projeto esperança várias vezes. A quadra de tênis era maior que um templo sagrado pra si. Naqueles dias com as crianças semestrais brindava e orava, se podia dizer isso desta criatura opróbio de amores: um sorriso bobo. Ainda tinha risos, esse pequeno?</div><div><br /></div><div>Ainda tinha controle sobre o mundo lá de fora que o dominava mais que a tudo: encontrara amor de certo entre todas as crituras selvagens dessa mata atlântica imensa que se desdobrava de um centro oeste ao sul. Nada para cima, não, não sabia deste verbo. Tinha medo do mar.</div><div><br /></div><div>Obstruído de futuros, com lástima e perdão de si mesmo. Talvez fosse esse o caminho de coração letal. O perdão. Não se comete enganos por acaso, pensou cientificamente. E as coincidências estavam todas postas ao chão de tênis: bolas que as crianças jogam mais como ping-pongs, educar é um verbo indecente e incoerente nesses dias de hoje. É um verbo ainda?</div><div><br /></div><div>Ele perdera as forças gramaticais e literalmente sucumbiu a uma doença distante. Era uma doença de joelhos: sim, fora até lá, era mais perto que Brasília afinal.</div><div><br /></div><div>Os dias de chuva tinham passado pela ilha, cemitérios de algumas trajédias que ele evitou olhar. Embora não abstraísse, pois o mundo é maior. Na floresta ainda que se fuja ouve o ronco do urso e a pantera aconchegada sob seus próprios olhos: admirando sua próxima caça.</div><div><br /></div><div>A quadra estava ainda molhada. Talvez dos soluços que tentara dar em suas idas à quadra e que as crianças inadivertidamente o distraía de si. Era bom, que houvesse humanidade menor que a sua e mais suave também, mais espontânea: ficariam um dia tristes numa quadra em dias de sol ou cinza? Importava que não chovesse isso sim.</div><div><br /></div><div>Naqueles últimos dias não havia nem criança dentro de si. Matara com a orquídea, flor cruel, embora linda, belíssima de pétalas encantadoras parecendo insetos mortuários: insetos que quando vivos servia a morder e beliscar e encher os olhos de esquisitices. Agora flor.</div><div><br /></div><div>E materializada ainda, flor, em que tipo de estrutura coloca tuas raízes? Raízes em chão de cimento valem o chão de cinzas. Talvez, pensasse assim, e por isso dobrasse os joelhos sem vergonha dos carros que passassem e ali fazia sua última oração: seja feliz meu feio, meu pobre feio.</div><div><br /></div><div>Era uma maneira de se libertar de seu primeiro amor. Também.</div><div><br /></div><div>Se libertara de todos os outros e viveria mais quatro dias, até o final de 2008.</div><div><br /></div><div>Réquiem, réquiem ao coração tardio.</div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/04251698440518933854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3748729824692944713.post-66013716192114273262009-06-28T06:46:00.000-07:002009-06-28T07:15:35.508-07:00Orquídea15Quais são as coisas que o pequeno não queria ver? Quais são as coisas que o pequeno viria a ver? Nem tudo o pequeno sabia de si. Nem tudo ele dominara de si: as memórias sobretudo são terríveis.<div><br /></div><div>Por um lado há saudade, por outro deletar nervuras traumáticas, não, o pequeno não acreditava em traumas irrecuperáveis. Não, ele acreditava em outros poderes, mais humanos e menos floriculturais.</div><div><br /></div><div>Em que biologia se instaurava? Certamente não enlouqueceria, ou, se enlouquecesse melhor seria dormir, assim tinha tempo de pensar menos em si e mais nos seus arquétipos, mais os seus arquétipos lhe diziam, mais e menos sobreagiam também. O pequeno não estava a salvo das torturas carnais nem de dores físicas: talvez ousasse cortar a pele, mas tinha um piercing que lhe transmitia ferro tátil, já nem sentido, às vezes o beliscava para saber que estava ali.</div><div><br /></div><div>Tinha consciência das unhas crescidas e de quando as cortava como aumentavam como cresciam ou das cáries surgidas do nada. Vazio em que as bactérias entram, por conta de não se preveni-las. Talvez escovasse pouco os dentes, já que poucos beijos dava. Talvez não tomasse banho nos julhos e agostos, mas eram meses de se desesperar em frio. Ninguém o tocara.</div><div><br /></div><div>Neste final de ser flor, o pequeno ainda curtiu um certo segredo. Segredo só seu. Iria fazer um passeio e tornar o mundo um pouco melhor. Pra si, claro, sempre pra si mesmo. Foi quando deu notícias de que voltaria à Zimba para os amigos da ilha. Para a Zimba disse que ficaria ali, ilhado naquele feriado mágico de ser... qual estação? Qual estação depois do inverno?</div><div><br /></div><div>Calculou muitos horários até encontrar a fórmula certa. Estaria em Brasília, estaria no lugar onde tudo começara, ficaria por algumas horas e voltaria, como se nada tivesse sido feito. O tempo de viagem era o mesmo que passaria angustiado por um pouco de seu rico. Um pote de ouro às vezes está muito longe do início do arco-íris. Por que não ir até lá era covardia? E foi.</div><div><br /></div><div>Saiu de casa como se fosse a passeio. Vestiu sua melhor roupa e saiu. Colocou um perfume para passar vez ou outra. O ônibus, lento e rápido, lento e rápido, mas, como o óbvio, passageiro. Mais passageiro do que a noite em claro ou na insônia ou sob efeito de psicotrópicos floridos: porque era primavera e não inverno é que os remédios psiquiátricos ficavam mais azuis.</div><div><br /></div><div>De fato, o cor-de-rosa tinha efeito mais sincero. Não precisou muito esforço para colocar o corpo num banco nem tão confortável. Apenas precisou partir. Tinha que voltar garantidamente. Tinha que viajar e encontrar seu rico, dizer pra ele tudo, tudo o que lhe acontecera. Dizer que estava tão louco a ponto de parecer humilde ou humilhação: estou aqui, e tu não estavas lá.</div><div><br /></div><div>Enfrentou muitas coisas? Não, a paisagem era noturna, por certo, e o que via ou sentia, estava certo de estar cada cem metros mais próximo e cada cem metros adiante tinha um sentido único. Tinha sentido na própria pele que esquentava a poltrona e a poltrona, estando quente, resquentava por sua vez a pele, então, não tinha frio. Embora o ar condicionado tenha falhado quando o calor chegara. Que coisa estranha essa vida.</div><div><br /></div><div>Parava e fumava. E continuava como deve continuar quem viaja em companhia de estranhos. Mas coletivamente. Era bom de se pensar no coletivo. Se fosse um crisântemo, pensava, quais seriam essas flores tagarelas e aquelas dorminhocas?</div><div><br /></div><div>Mas há as cadeiras vazias e o corredor, mesmo um corredor de cadeiras dá calafrios em certas manhãs nubladas: chegara ao meio dia. Por aí, quando foi?</div><div><br /></div><div>Lembrou-se de onde e de como chegar lá. Como não tinha o endereço do rico, apenas chegou naquele instante no lugar do início de tudo. Como acreditava ser vigiado pelo rico, acreditou que ele saberia, como soubera sempre quando esteve no Rio de Janeiro, que ele estaria lá, que ele teria feito tudo aquilo. Creditou-se também como uma flor andante e confiou no universo das coisas bonitas.</div><div><br /></div><div>Se o rico não aparecesse, o pequeno voltaria e decidiria por si só o resto do seu destino. Que o ano já acabava por ali. Talvez, ironicamente, naquele instante, o rico estivesse sim, em Florianópolis, esperando que o pequeno atendesse o celular e descesse correndo das escadas de sua grande vila e viesse como sempre veio sorrindo e saltitantes lhe dar um abraço, para depois apertar bem sua mão, como se um aperto de mãos fosse um beijo enorme.</div><div><br /></div><div>Mas nenhum nem o outro estiveram certos. Os cálculos, imprevistos da falta de comunicação. Era isso. O rico não aparecera e sol se punha. O pequeno não podia descer de um lugar tão alto. Não. A grande vila estava sem flores naquele dia.</div><div><br /></div><div>Ambos retornaram com suas próprias decisões. Ambos acreditaram que o destino era feito apenas de um erro e que este erro acometia-se de outros tantos que por aí a gente ia. Mas nenhum deles deixou o orgulho de lado nem a lástima. O futuro estava distante. O futuro estava longe de acontecer. Enquanto a casinha no nordeste ficava sem murada.</div><div><br /></div><div>Nem parecia, na próxima segunda-feira, que estava exausto. Não estava, é verdade que não, pois esteve onde quis estar e fizera o que fizera estar, voltara como voltava de um lugar ao lado. Teria sofrido mais se não fosse corpo tão leve de ser carregado tão facilmente por uma estação boa para passeios. Agora, ao menos, tinha claro, que o universo não existia assim a favor. Que estava louco e que sua loucura tinha finalizado ali, no céu de Brasília.</div><div><br /></div><div>Viajar não era algo para tirar fotos. Mas para marcar-lhe o espírito de fundamentos ou fundações, instituições de fumaça em territórios diferentes. O seu lucky strike ficava diferente em determinadas região. Observou com a língua própria e o pulmão, sempre tão amontoado de sentimentos que vez ou outra espirrava: são pigarros, dizia.</div><div><br /></div><div>Mesmo no Natal teve esperança. Preparou tudo tudo direitinho. Iria revelar ao seu melhor amigo a sua coragem corajosa de espera: mas não contou nada. Tinha vergonha, no íntimo, de ser tão pequeno. O Natal de 2008 era um natal bondoso, porque ao menos tivera tempo de limpar tudo e organizar uma mesa bonita. Tivera tempo de criar sonhos com seu amigo que, então, passara o natal com ele. Ao menos na amizade o pequeno se divertia. Tiraram fotos. Mas nunca de si mesmos naquele natal. Que coisa estranha, não é, não conseguir olhar para uma foto sua.</div><div><br /></div><div>Tinha essa coisa da foto: passada a limpo, com as palmas das duas mãos, elas não diziam absolutamente nada. Ou apenas papel fotográfico: mas daí é querer pedir demais da imaginação. Papéis fotográficos são melhores quando não estão preenchidos, isto significa que ainda estão por vir? As imagens, e as pessoas e as coisas, ou umas ou outras, e as paisagens? Estão por vir?</div><div><br /></div><div>- Não, disse o amigo, é melhor a gente dormir.</div><div><br /></div><div>E dormiram, e os gatos fizeram uma bagunça incrível. Ao acordarem estava tudo quebrado. Tudo quebrado, no que o pequeno passou pé a pé para não atrapalhar o incômodo. Mimou seus gatos até o final do dia e só no dia seguinte é que limpara a bagunça, que por aquele tempo, era até boa de ser ver. Havia vida naquele verão tardio.</div><div><br /></div><div>O último capítulo, esperem, por favor, se passa na última semana daquele ano. O ano do nosso romance, quando o pequeno solitário, sem voltar à casa da mãe, ainda tinha um resto de si para narrar. E haviam fatos. É verdade, alguns fatos acontecem num único instante: como a morte, como a queda de um avião, como um desmoronamento imediato, como uma tempestade imprevista. Acreditem nisso, e tenham forças para concluir a história que é, afinal, apenas mais uma dentre tantas outras indignas.</div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/04251698440518933854noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3748729824692944713.post-24004299479680893792009-06-21T13:52:00.001-07:002009-06-28T06:46:17.435-07:00Orquídea14O rico se prevenira tão bem que se desfizera no ar como fumaça? Não, como ar que é invisível, que fumaça ainda se via pelas narinas do pequeno.<div><br /></div><div>E o rico era a única prova de que a orquideazinha tivera existido.</div><div>Irônico, não? Sim, muita ironia. É pra pensar que uma história dessas só podia ser obra de ficção. Nenhum espírito de porco quereria reencarnar em tal destino.</div><div><br /></div><div>O pequeno procurou pelo rico como nunca havia feito: estávamos em novembro de 2008. Tudo já havia sido dito. Tudo havia acontecido. Tudo: e o pequeno, derrotado, bem derrotado, no seu íntimo ainda queria falar. Queria decidir em conjunto. Finalmente em conjunto, pequeno. À dois.</div><div>Há. E há muita ferida também. Muita coisa. Muito erro. Muito. E o rico não era encontrado em lugar algum. O rico como ele mesmo propusera, ele, o pequeno propusera, que o rico desaparecesse, que o rico esperasse, que o rico adormecesse e só depois, depois que o pequeno tivesse concluído a sua vida no sul, então, sim, poderiam até ficar juntos! Não foi mais ou menos assim?</div><div><br /></div><div>Sem celular, sem endereço, sem nada. Desespero. Agora era só fantasma. Meu pequeno, esquece a obsessão dos atos, vive como havia vivido. </div><div><br /></div><div>- Mas é que eu ainda não tentei correr atrás, agora que sou humilde eu corro. Corro de verdade.</div><div><br /></div><div>E não encontrava nada. Esperou que o seu amor ligasse, esperou por conta de lembranças de atitudes que seriam óbvias vinda de seu amor, e nada. Fotos nos jornais, nas revistas? Nada? Não, porque o pequeno não lia nem via noticiários. </div><div><br /></div><div>- Não?</div><div>- Não. Jogava vídeogame.</div><div><br /></div><div>Pela primeira vez em sua vida ridícula de classe média baixa, o pequeno considerara se aliar, ou seja, decidir juntos, com alguém, algo de sua vida. E dessa vez ele não cometera nenhum suicidio ou tentara. Desta vez ele não enfrentara nenhuma ideologia patológica da história humana e cultural. Desta vez ele não ficara nu num inverno pra ver no que dava.</div><div><br /></div><div>Ele também tinha segredos pra contar. Nada que se comparasse as coisas feias deste mundo. Mas eram segredos também. Iria segredar sonhos e gentilezas que só havia guardado até então ao seu rico, ao seu amor único, ao seu. Eterno. Quantos sonhos começara a ter? Todos úmidos de uma umidade capaz de florir de verdade e até pensava em flores, rosas, muitas cores, e quem sabe reverter tudo e começar de novo em outro lugar não seria tão ruim assim. Seria?! Se para deixar de ser fantasma, no fundo, no fim, por última instância: era o rico quem lhe faltava à fórmula mágica.</div><div><br /></div><div>Nem email. Nem orkut. Nem nada. E às vezes acreditou mesmo que ele daria conta de dar algum recado. Em doze anos e nada? Em doze anos e nada mais? Só por que o pequeno não quis do jeito dele no dia certo que ele queria que fosse do jeito que ele queria?! </div><div><br /></div><div>Respira. Ainda nos faltará um capítulo. Inteiro.</div><div>Coçou a cabeça e se dedicou a esperar e, na espera, a pensar. Na vida.</div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/04251698440518933854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3748729824692944713.post-60704304269351073412009-06-21T13:32:00.000-07:002009-06-21T13:49:20.309-07:00Orquídea13Foi o pequeno que se aproximou e jogou tudo pro lado. Até ali, foram alguns anos, metade da história. Depois dali o pequeno podia se dar conta de que não tinha feito nada errado em ter quisto só a sua vida. E foi o que seguiu até os seus julhos e invernos.<div><br /></div><div>Fazer tudo certo era ter o rico mais próximo. Pelo menos. E isso singificava mesmo não estar com o rico. Ele abraçou o rico. Ele beijou as mãos do rico. Ele tremia, mas mesmo assim disse com todas as palavras que era importante que o rico soubesse o quanto ele o amava.</div><div><br /></div><div>- Eu sei dissimular o que existe e se eu não sei eu vou aprender. Eu aprender a me prender. E eu vou esquecer tudo. Escuta... tudo pode ser ficção se eu realmente tiver amado outro, não?</div><div><br /></div><div>- Não. Porque você não amará mais ninguém. </div><div><br /></div><div>- E quando a gente vai poder ficar juntos?</div><div><br /></div><div>O rico não respondera. Aquilo era entre 2003 e 2004... Aquilo era uma etapa inevitável. E uma decisão cruel. Enquanto o rico não lhe respondia, o pequeno foi lá e guardou todas as coisas sem prestar atenção em nada. Arrumou tudo e disse que tudo estava bagunçado e que não podia deixar o rico naquele situação desconfortável. Acendeu um cigarro, que o rico odiava, ainda, e disse que todo mundo tinha seus mistérios. E o rico nunca mais pôde ser sincero.</div><div><br /></div><div>O traço superficial de qualquer relação. O traço característico do nosso herói era: não vamos pensar nisso, estamos juntos, e o verão é nosso.</div><div><br /></div><div>O pequeno levava à sério não precisar falar nada de sua vida ao rico também. Eram só eles. E por aí é que iam e se estendiam e se fizeram até o final do nosso enredo.</div><div>Porque foi dito no início de tudo, depois de julho de 2008, eles nunca mais se viram.</div><div><br /></div><div>A última coisa que ouvira do rico: você está louco. O pequeno sabia que todos estavam e que mesmo assim muita gente naquele mundo ainda vivia como pessoas simples viviam: trabalhavam e viviam. Por que diabos ele tinha que ser autor de certas histórias ou por que diabos o rico tinha que ser esse personagem? Por que diabos um dia por conta de um engano tivera amado um feio? Por que diabo deveria ter assassinado o próprio diabo da sua cabecinha doente? Por que diabos? Por que pessoas existem. E umas e outras vão se enredando e vão tornando as notícias verídicas.</div><div><br /></div><div>Por que diabos ele que só fora louco não fazia como os pastores de igreja, nem enganava as multidões, nem comprava voto, nem traficava órgãos, nem nada disso?! E existiam pessoas assim neste mundo? Ah, poliana, poliana, por que diabos o diabo não existia de verdade? </div><div><br /></div><div>Era melhor não pensar nisso tudo. Era melhor pensar apenas em si e não no que as pessoas fizeram do mundo, porque as pessoas que fizeram do mundo, o mundo em que estamos, já morreram. E não é de bem falar mal dos mortos.</div><div><br /></div><div>Doente.</div><div><br /></div><div>- O que você sabe?</div><div>- Eu não sei de nada.</div><div>- Quem você ama?</div><div>- Nunca amei ninguém.</div><div>- E o que você é?</div><div>- Eu sou orquídea.</div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/04251698440518933854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3748729824692944713.post-61370422659659009652009-06-21T13:11:00.001-07:002009-06-21T13:31:47.950-07:00Orquídea12Não importava o nome ou os adjetivos de sua biologia recorrente. O pequeno, pelas palavras de um amante, percebeu finalmente que todos fazem parte da vida. Agora era que tudo se materializava. Que nada tinha a ver com seu amor próprio ou amor por alguém, ou as fantasias que se criavam em torno do amor.<div><br /></div><div>Nada tinha a ver com a alegria juvenil de noites ou dias entre os braços de um rico que lhe prometia uma vida futura e estável. Que não havia final. Não havia. Ele se colocou dentro dos olhos daquele cara com o café na mão, viu finalmente o lugar em que estava inserido, viu o pequeno na janela fumando seu cigarro, viu que havia vida nas veias do coadjuvante, por que sempre tem um coadjuvante que não tinha nada a ver com a história e dá a resposta de tudo?! </div><div><br /></div><div>Aí retornou pro seu corpo. </div><div><br /></div><div>- Olha, eu não sei o que te responder então. Mas eu quero ajudar você.</div><div><br /></div><div>Durante aquele dia, eles conversaram e o amante deixou de ser amante e se tornou amigo. E ficou feliz que por fim, o pequeno, não lhe revelando nada, tudo ouvira, tudo discernira e dissera mesmo que não era por mal, mas era por que gostava daquela companhia sincera e tão caprichosa que estiver ali e ficara feliz que durante algum tempo tinha sido o único que não o tivesse atormentado muito pra ter sexo com ele. O amante não precisou de muito tempo pra se convencer de que o pequeno era mesmo um amigo muito bom, aliás, porque o próprio pequeno não se importunava em ouvir dos três casos que lhe oprimiam o peito. Com qual deles ficaria? Parece que no final do romance este coadjuvante resolveu gastar seu dinheiro em uma viagem sozinho, pra curtir o verão em outro país. Estava feliz da última vez que se falaram, e foi bom que o pequeno tenha sido muito sincero e que o pequeno tenha percebido isso: os humanos se falam de verdade.</div><div><br /></div><div>Quem dera pudesse ousar sonhar com algo parecido. O pequeno, em suas misérias astronáuticas de suas crises lunares, só então entendera, não muito tardiamente, mas entendera que em 2008 o mundo era cheio de seres humanos e viventes e não plantas de se encarnar o espírito.</div><div><br /></div><div>Quando sentia carência, em algumas noites, se permtiu senti-la.</div><div>Quando acontecia de sentir falta de alguém, se lembrava gentilmente era do rico. Pela primeira vez ao longo daqueles anos inteiros ele tomou a iniciativa de ir atrás do grande homem de sua vida. </div><div><br /></div><div>Não se preocupou com as verdades todas que enfrentaria. Não se preocupou com nada. Não queria mais saber das outras coisas, aquelas que o rico já nem fazia questão de esconder do pequeno. Aquelas que o pequeno fingiu não saber durante muito muito muito tempo. O pequeno, para não ser cúmplice de nada, fingiu nunca ver, nunca olhar o que a realidade lhe colocava de fatos. provas. comprovações. atos. É claro, que muitas de suas decisões, vinham deste suspiro humano: o pequeno não queria fazer parte de uma parte do rico.</div><div><br /></div><div>O seu destino era ter amado um homem que tinha sido um monstro, mas nunca para ele. E as suas monstruosidades nunca explicitadas, sempre lhe seriam um remorso. Por que não acabar com aquilo? Ter o pequeno em sua casa bendita talvez fosse a garantia de parar com tudo o que fazia na sua vida. A vida do rico, é claro que não era feita só do pequeno. Nem havia sido construída apenas ao pequeno, para o pequeno. Mas o pequeno era sim uma orquídea dentre todas as indelicadezas e friezas de seu espírito.</div><div><br /></div><div>Lembrou-se do dia em que chegara no hotel, já com a mochila nas mãos, cheio de alegria por ver o rico, dizendo que ninguém sabia, que estava ali, que era verão e odiava suar. O rico tinha deixado muitas coisas sobre a cama e sobre o sofá. O rico não pediu que não olhasse: o rico saiu de seu banho sorrindo. Como sempre, tão belo, tão sorriso, tão verdadeiro e carnal. Tão logo o pequeno tinha sua independência verdadeira, não? E o pequeno não olhou pra nada do que estava jogado a nãos ser pro sorriso do rico. E o pequeno embora soubesse de canto dos olhos que havia ali um monte de coisas que não eram pra ser vistas olhou foi nos olhos do rico.</div><div><br /></div><div>E por quê o rico deixava cair uma lágrima? E por quê o rico chorava com o sorriso estampado chorava? O pequeno não olhava pra nada, obrigatoriamente olhava rente ao rico, obrigatoriamente não olhava, não queria saber de nada. </div><div><br /></div><div>- É por isso que não estamos juntos, porque eu... tenho a minha vida.</div><div><br /></div><div>O rico ficou chorando. E o pequeno parado. Como no início da história dos dois.</div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/04251698440518933854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3748729824692944713.post-36400073550659770272009-06-21T12:35:00.000-07:002009-06-21T13:10:59.906-07:00Orquídea11O que o deixaria feliz era se, passado julho, tivesse continuado feliz.<div><br /></div><div>Os dias que carregam novos dias. O novo sempre a espreita. O novo de novo num século tão cansativo de ser retransfigurado. Quando acabaria? Quando acabaria com o pequeno? Quando retornaria a ser uma tradição única e possante? Todos.</div><div><br /></div><div>Ao menos, vez ou outra, o pequeno se atinha à essas coisas do espírito ideológico. Até ficava feliz por ser um tempo não pensar em si mesmo. É bom não ser egoísta todos os dias, pensava alto. Muda o mundo se pouco conseguia mudar do seu destino. Seria de fato algo glorioso, como a própria palavra que a gente esquece o teor de tanto usar: glorioso. </div><div><br /></div><div>E já que agora havia concluído o Orquídea Fantasma, estava mais puro? Não. Nunca estivera puro. Entre os meses de criação ele criara o Almas Gêmeas, esta obra que se tornou um pedaço do seu espírito poliana e também, mais real nas suas estruturas, lhe dera um certo apoio e uma dica: ao final, alguém será capaz de compreender o final da história. Certamente, o Almas Gêmeas não tinha nada de gêmeo, tinha era perversidade subentendida na plataforma das culturas humanas: as culturas humanas predestinavam os destinos individuais. Quantas droguinhas foram capazes de aplaudir contigo esses enredos, meu pequeno? </div><div><br /></div><div>Ousou pensar em 2028, quando, aquele justo ano de 2008 estivesse vinte anos para trás. Passado assim, é tão passado que da gosto de vê-lo entreburlado pela memória. Ninguém precisa de provas de nada se a memória falhará! A, por certo e que delícia, se deliciava o pequeno. A sua memória falharia até mais vinte anos e ele ia até lá pra não provocar tumores em seu ombro.</div><div><br /></div><div>É que ao escrever, imediatamente, lembrava-se do rico. Vocês se lembram do rico no início de Julho deste romance? Vocês não se lembram do segredo do rico que não fora revelado. Certamente o segredo do rico não era apenas disfarçar-se de hetero. Este é o normal de todo o iniciante. À carreira do amor é necessário preparo: para tudo abrir. Senão, é como a história se tornar um jogo de diálogos mentirosos. Uma mentira levando à outra. Quem é que acaba com isso? </div><div><br /></div><div>Ser amado ou amar. Nenhuma das duas orações é posta em cheque, quando se de fato sente. Sentir. Verbo existente de que se existe pele. Pra isso foi criado o verbo. Não é nada dramático, quando se pensa assim. E pode ser até pueril: mas assim é e graças ao homem foi pensado e expressado por humanidade. E o medo? E as aflições? E as perturbações paranóicas da perda?</div><div><br /></div><div>- Eu te perder não é pior do que este tempo inteiro, disse o pequeno um dia, com os olhos pregados nos cílios de si mesmo, falava ao rico, num verão em Florianópolis. Sabe-se lá qual deles agora. </div><div><br /></div><div>Eram tão belos os seus encontros que a última vez que se viram. O tapa na cara e o copo quebrado. Aquela violência física pouco era pertubadora da felicidade das lembranças boas. A maldade então estava no pequeno o tempo inteiro? Só por conta de querer sua vida própria. Não era pra ser assim? Casa própria, independência própria, próprio riso.</div><div><br /></div><div>O que o rico lhe fez em seguida, quando chegarmos ao próximo capítulo, foi menos doloroso que as decisões íntimas do nossozinho. E em todo caso, considerava, muita coisa já havia sido escrita. Estar louco ou ser são não era algo a se pensar. A se definir. A se clarear. Amar era tão bonito sozinho.</div><div><br /></div><div>Flor. Curtiu. Desgoutou-se cada pétala - ou página. Esperou o outono, como vimos. Esperou que o inverno chegasse pra ter coragem. Mas o inverno já havia passado em 2008. Ele enfrentara o inverno. Julho alto. Julho tão cheio de intrigas que à ele nem fora mês. Era muita coisa pra se pensar num cérebro que cabia na palma da mão, por exemplo, de um grande homem.</div><div><br /></div><div>A casa esperando no nordeste. Um ódio crescente pelo rico, um ódio nunca existido pelo feio, já que o feio mesmo nunca fora amado. Certezas que tínhamos ao início do livro: todas já quase todas desvendadas ou comprovadas ou reprovadas. Retratadas algumas.</div><div><br /></div><div>Buscou consolo no colo de um de seus amantes. Mas consolo flor era dar ao amante algo que não seria por muito tempo. Ele chegou na casa dele e disse que não duraria muito ser gentil. O amante, feliz, feliz de ser tão simples, um humano simples. Era confortável ao pequeno os olhos do humano simples. Os olhos de quem lhe curtia sem precisar detalhar nada de história alguma, de história de nada, de pensar em nada. Fazer sexo, nem isso. Respeitar o corpo do pequeno, viver o pequeno, fazer café pro pequeno, deixar ele fumar na janela. Deixar que ele se calasse. </div><div><br /></div><div>Daí o amante chega com um sorriso de volta e seu café quente. A porta e a cama. Coisas básicas e o garoto na janela fumando seu cigarro em silêncio. Daí o amante chega, simples, e interrompe tudo. Até então, o pequeno era gentil.</div><div><br /></div><div>- Eu queria te perguntar uma coisa.</div><div><br /></div><div>Um suspense, uma sombra nos cílios. O pequeno nem acreditava. Era pra ser tão carnal e casual, ou simplesmente tão casual que não haveria nada a responder, não é? Ele só precisava de um ombro amigo, capaz de engolir seu silêncio. E era irônico precisar compartilhar silêncio com alguém e já estava fazendo muito em dedicar seu silêncio àquele amante. A voz do rico reverberava mil vezes mais mil vezes: você está louco.</div><div><br /></div><div>Ainda que o pequeno pudessee pensar que de fato quando se conheceram, foi um de seus primeiros encantos, não foi? Mas não. Porque o pequeno já havia enlouquecido pelo feio e já havia recuperado tudo, inclusive a amizade do feio, ou de sua família, ou inclusive ninguém nunca havia pensado que ele enlouquecera durante aqueles quatorze anos. Inclusive havia escrito livros e se tornado artista. E tinha tirado diploma e tinha se tornado um educador. Lembram-se disto? E não precisava de ningúem. No final, em 2008, tivera todas as respostas.</div><div><br /></div><div>- Você me ama?</div><div><br /></div><div>Claro que perguntou sem jeito enquanto o pequeno arregalava os olhos de pavor. Qualquer resposta que desse interferiria absurdamente na vida daquele infeliz. Era importante dar-se conta da sua própria dissimulação uma hora. Aquele amante só era importante porque até então ele não te conhecia, não é, pequeno? Mas ele te aceitava, como devia aceitar todas as outras bibas que se deitavam com ele. A única diferença era que ele ainda não tinha galgado o coito que o pequeno prometia, ao longo de alguns meses, até que estivesse preparado. Mas todo amante é tão paciente? Pra quem não tem nada a perder... E pra quem continua a sua vida... E pra quem o o pequeno nunca alimentara nenhuma sorte...</div><div><br /></div><div>- Eu não sei o que te responder. Eu não queria perder tua companhia. Eu amo tanto a gente, eu amo o mundo não é assim?</div><div><br /></div><div>- Você entendeu o que quis te dizer. Você já é crescidinho, meu amigo?</div><div><br /></div><div>- Eu sei. Me desculpa, eu sei, é claro que eu sei. Mas eu não vou te perguntar nada. Eu achei apenas que você estava contente de eu estar aqui e de eu precisar de você.</div><div><br /></div><div>- É, só que eu também tenho a minha vida. E eu estou passando por algo que talvez você não se importe, mas eu quero definir a minha vida. Eu estou cansado.</div><div><br /></div><div>O pequeno viu que todo mundo estava cansado.</div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/04251698440518933854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3748729824692944713.post-83265772361517036532009-06-16T16:15:00.001-07:002009-06-21T12:35:51.576-07:00Orquídea10Era daquele jeito que o pequeno queria. E se ele pudesse voltaria a morrer em 2007, mas voltaria com tanta força que nem um nem dois amores lhe impediriam. É verdade que no ano anterior ele havia conquistado a sua tão sonhada e ilimitada coragem de desafiar os mundos. E os submundos também. Mas não era verdade que sua alma movida por sabe-se lá que forças lhe levaram à respiração novamente? O pior do afogado é o ódio de quem lhe tirou justamente quando se acostumava com a água no peito. depois o agradecimento ostensivo. depois o ódio novamente: de si: deveria ter tido o controle da não sobrevivência.<div><br /></div><div>Era daquele jeito: tendo novas esperanças. Era daquele jeito que permitiu, pela primeira vez, imaginar que todos eles haviam morrido. Tinha nenhuma carta, nem um verso em 2008 que pudesse comprovar amor: era desse jeito. Fora o orquídea, um delírio. Era daquele jeito que imaginou: qual realidade lhe cabia.</div><div><br /></div><div>Viver era fácil demais em seu minúsculo organismo. Viver era tão fácil: arranjar um emprego, por as pernas a andar, sair por aí. Fingir. E fazer planos e concretizá-los: como alguém não conseguia isso? Alguém que desconhecesse mesmo a loucura e aí viveria ou deveria viver mais feliz. Graças a deus todos ao seu redor eram felizes.</div><div><br /></div><div>Se a realidade fosse um conjunto de ficção como o orquídea, como um conjunto de ficção interferia tão diretamente na vida alheia? </div><div><br /></div><div>Tinha dor nos dedos: talvez um tipo de câncer ao inverso: é o tipo de câncer que o impulsiona ao desbravamento de uma história que está por vir. Seguiu esta idéia com outro romance, paralelo ao Orquídea. Pois lembremos que durou oito meses do penúltimo capítulo ao último: até que o homem viesse e lhe desse material presencial. Nem tudo era ficção. Nem tudo: preste atenção.</div><div><br /></div><div>Atençãozinha só. As histórias que se seguiriam serviriam de passagem ainda pelo seu corpo: mas quanto mais seu corpo fosse seu mesmo e nunca mais de outro, ele estaria sóbrio e poderia se embebedar de si - sem mais explicações. Já que o tempo inteiro o que o mundo-cobra é isso. Não ele que era ao menos naquele ano flor.</div><div><br /></div><div>Ainda que não fosse de ser colhida ou carnificada nos dentes de outra pessoa, o pequeno, se fugia como conseguia. E conseguiu afinal. Afinal, consiguira sempre o que quis. Não é pra ser sempre assim?</div><div><br /></div><div>Ser flor era um deleite entre os mistérios de 2008. Posto à mesa das lembranças, os fragmentos se encaixaram na sua menteninha e ele ia lá e embrulhava de novo, só para não ter que ver. Ver a realidade das coisas era por demais matéria para o seu umbigo fantasmacêntrico.</div><div><br /></div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/04251698440518933854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3748729824692944713.post-64287315370291711502009-06-11T08:17:00.001-07:002009-06-11T08:42:08.376-07:00Orquídea09Embora não acreditasse em reencarnações. Ele sabia que em vidas passadas teria sido padre, provavelmente homossexual, filha de marajá que morrera virgem, uma ruiva que se matara, um pequeno retirante que morrera na seca nos tempos da construção de Brasília, uma personagem histórica mal contada, um capitão de guerra assassinado: era início dos mil e duzentos. Soube de sua alma no umbral também: vagou e obsediou muita gente até chegar a esta plenitude toda. Hoje, aos 2008, poliana.<div><br /></div><div>Se há algo que o pequeno gostava nos coitados, era de vê-los suar. Ao menos não lacrimejavam como os infelizes fizeram, de sofrer por ele, sofreram? Ou maldisseram seu nome até o fim. Que fim bonito tinha o ano desta orquídea alucinógena. Sim, teria um final bonito, porque sou eu que escrevo e existo.</div><div><br /></div><div>Enquanto fosse um apreciador convicto das formas com que os diodos emissores de luz se manifestavam século vinte e um a fora, ainda se permitia em cantar afônicamente algum verso que lhe mostrasse vida biológica. Tudo o que fizera foi por lei contemporânea e democrática. Nenhum crime de lei. Nenhuma entrada no mundo dos vícios danosos. E se havia uma gilete em seu quarto de dormir, bem rente à quaisquer das janelas em que estivera: era apenas para se lembrar que o suicidio interminável começava no dia seguinte.</div><div><br /></div><div>Um montante de acidez correu por suas veias: orquídea ou crisântemo, tanto faz, agora que era matéria. Sem identidade, tanto faz, agora que descobrira o amor em 2008. Agora que finalmente dele não escapasse nunca. Agora que em 2008 não queria mais fugir. Enfrentar os homens, talvez, e dizê-los: nós todos perdemos.</div><div><br /></div><div>Um dia o pequeno ainda ousou reclamar suas posses: mas pouca gente lhe garantiu ouvidos. Já tens o hálito velho com seus trinta anos banidos de si. Já tens a pele tão cuidada de maltratos, como rejuvenesceu sem bruxarias! Mas ninguém sabia dos dentes cariados que ficavam por detrás: haviam alguns e eram horríveis. Isso porque já naquele ano nenhum o beijara tanto capaz que fosse de ter-lhe a língua inteira.</div><div><br /></div><div>O feio tinha razão em lhe evitar. Tanto quanto o rico em lhe dizer coisas feias. Tanto quanto os príncipes em não saberem da existência dele. De nenhum conto de fadas surgiriam, meu pequeno, não se iluda tanto com as ilusões. Bem-diga sim, a realidade que o norteia. </div><div><br /></div><div>Descobrira na humanidade alguns remédios e amizade. Estes amigos bons guardados nas páginas do mistério: era preciso não lhes deixar entrar na história. Era precisa narrar que a família do feio lhe carregou solicitamente ao seu reencontro em julho. Fora a última vez que se viram, então. </div><div><br /></div><div>Fora o dia mais lindo, em que a Personne de verdade nascera na vida do nosso ilustríssimo. E, cara-a-cara com ele quase durante um dia inteiro pensou no quanto havia mentido de si e para si, por si só vivera. Nenhum afeto. Poderia manter um amor fraterno, 2008 estava no meio. Ouvira o rico rindo. Ouvira os infelizes soprando no inverno: era um dia quente e de sol, acreditem. </div><div><br /></div><div>Havia acácias, e não orquídea. O homem ainda estava por vir: talvez ele te mostre algo bom. Mas não, pequeno, a chegada daquele homem que lhe servira apenas para concluir seu romance ideologista não lhe dissera nada mais do que sabia. Vamos até lá novamente: o pequeno havia fechado a porta, o homem saira satisfeito, o pequeno sabia que agora poderia concluir o Orquídea, lembrou-se do feio e pensou no rico, o telefone tocara e era o rico! O rico dissera coisas queridas...</div><div><br /></div><div>No dia seguinte, como fora combinado consigo, começara o desfecho da obra, estava em êxtase, não se lembrou de quase nada. O resto do ano passara dormindo? Quase isso. De esgotamento. Trabalhava e dormia. Não tinha outra vítima. Pensava. Calculava. E o término do Orquídea extasiava novos planos. Seria um grande produtor do lar.</div><div><br /></div><div>Tinha a Personne, tinha ao menos amigos, tinha ao menos o último sorriso do feio que lhe deixou uma paz profunda: não tê-lo amado nunca era uma esperança ainda.</div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/04251698440518933854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3748729824692944713.post-27772245845004166522009-06-11T07:31:00.000-07:002009-06-11T08:01:18.287-07:00Orquídea08E quando enlouquecia? O pequeno não procurava o colo da sagrada maternidade. Não. Havia a noite e de noite urgia em utilíssimos descontroles.<div><br /></div><div>Não não não podemos imaginar: que o pequeno se escondia todo esse tempo enfumaçado unicamente por seu delicioso mundo imaginário de amores. Recanto de suas demências era: a vitória da virada matutina. Apogeu de seu silêncio e ira: extravado em cima de altas caixas de som. Do grave se faz matéria, dizia.</div><div><br /></div><div>Ou gritavam por lá: - chegara a demência, chegara. E caçava entre os perdidos os seus garotos e garotas noturnos todos. Que provas dar de sanidades às bichas mascaradas? Um grito. Urrava! Exbatia, resvalava, translúcido em suor. Vez ou outra não parava nunca de dançar. E quantos acompanharam sua energia vitalícia, íntegra, quase satânica! Era sorrindo que cumprimentava os colegas da burocrática rotina noturna: sábados ou sextas? Muitas vezes em domingos se reunia sóbrio e depois bebia um pouco: sozinho ainda se divertia até a exaustão.</div><div><br /></div><div>Desde cedo o pequeno soube onde procurar abrigo. Foi quando percebera um mundo de sigilos passageiros: ruas pequenas e estreitas, passagens rápidas pelos cabelos alheios. Beijos, beijos, beijos. Preferia quando alguém lhe roubava os sentidos, metidos num banheirinho: </div><div><br /></div><div>- Eu cai-bo, repetia se rindo.</div><div><br /></div><div>Mas não o levem pra casa, a perversão do pequeno era se divertir des-coito, o coitado, ficava sozinho. Os coitados, podem ter sido seus grandes amores, ou pequenos que pudessem de aliviar desses horrores febris em busca de almas siamesas. Mas não, noturno, o pequeno era outro, sempre fora: demente.</div><div><br /></div><div>Até servira-se de tábua de cocaína: a pele esticada e magra, o dorso pulsante, mas não cheirava, iludia-se no doce hálito vindo daquelas outras barbas. Eles podiam gozar no pequeno desde que este visse tudo: de fora. Sempre de fora. Ejacular o quê? Nunca em seus pudores pensava na dor alheia, coito interrompido, até porque era desse prazer que vivia. Interromper tudo, por decisão própria.</div><div><br /></div><div>Mesmo quando fora estuprado, o pequeno, estuprado com, ou tantas vezes, a raiva dos possuidores que não admitiam aquilo! Aquilozinho brincando de cara satisfeita, deslizando indo embora por entre os sofás e paredes: por sombras o pequeno sabia se esconder.</div><div><br /></div><div>Drogava os outros quando dizia não às drogas. E voltava à casa das pistas e deliciosas danças. No tempo do pequeno dançar de qualquer jeito era a moda.</div><div><br /></div><div>Punk no tecno ou passinho de bêbado. O cotovelo à mostra: onde estavam os libertinos? Eram de beijar mais de três, eram de beijar à quatro. Eram de um lesbianismo único. Eram. Onde estava a princesinha?</div><div>Te espera ali ao lado com balas na mão. Lembrava-se da época dos pirulitos: metidos em doses de whisky ou tequila sem desculpa alguma: nos lábios dos amigos mordidos. </div><div><br /></div><div>Flutuava ao som de djs sombrios. Chegara a trabalhar algemado por conta disso: enfrentando absurdos bandidos quando o vigia não estava: era bar de bibas grossas.</div><div><br /></div><div>- Você aguenta ou topa?</div><div><br /></div><div>- Os dois.</div><div><br /></div><div>E se alguém brilhava junto em gargalhar com ele uma noite inteira: uma noite inteira podia gargalhar e no outro dia, no outro dia, de novo pequeno. Era melhor deixar os coitados e os coitos e brincar de que podia tudo anoitecer.</div><div><br /></div><div>Podemos até dizer que apenas e somente os namorados de fato lhe penetraram o corpo: o resto era doidura mesmo. O resto nós sabemos dessa perversa alma que brincava de não-ser. Materializar o espírito é coisa de crente, repetia rindo.</div><div><br /></div><div>E os amigos? Podiam sim lhe apertar o pescoço, chicotes ou tapas em sua face iniciada.</div><div><br /></div><div>- Estás bem pequeno?</div><div><br /></div><div>Sempre estava. Para dizer que não se divertia sexualmente adorava masturbar os esquisitos. Talvez gozasse, talvez... Se lhe dessem motivos concretos pra isso: arrastado a casas distantes não se arriscava em ser omisso. Um beijo. </div><div><br /></div><div>- Me leva de volta ao paraíso...</div><div><br /></div><div>- Dorme, porra.</div><div><br /></div><div>E acordava. De madrugada era quase de manhã e o pequeno se esgueirava da preguiça alheia. Um dia fora que lá de longe, próximo à praia, andou quilômetros com seu coturno de sola baixa. Tinha os olhos pintados e uma gangue que resolveu lhe perseguir. Mas o pequeno tinha medo e tinha também saudades de si: era melhor parar e deixar eles virem, afinal, já se divertira.</div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/04251698440518933854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3748729824692944713.post-48362225348900841572009-06-07T07:49:00.000-07:002009-06-07T08:37:50.304-07:00Orquídea07São como essas coisas que existem na natureza, e a gente tem que conviver com elas sob e sobre a sutileza, muitas vezes de um simples espirro. As bactérias, os fungos, os vírus: são seres vivos.<br /><br />Que assim seja, pensava o pequeno em seus finais de orquídea. Planejava nada além do que plantar e talvez, se tivesse em seu tempo, colher frutos. Não era assim com os ditados que os homens criaram para manter forte e robuto todo o corpo de cidades inteiras: a bem de quem?<br /><br />Não, no século em que estamos, ou iniciamos, puro século, já os historiadores não sabem dizer: não estamos num século de pátrias. Pelo contrário, a sobrevivência econômica ainda é mais vital que a sobrevivência digna do corpo. Desde que todo o equipamento não vá em descrédito. Mas quem passa por essa vida sem dívida? O pequeno. Que vivia na natureza mundana nem como servo nem como destinado: eu escrevo, eu escrevo... repetia, mas não por isso é que tinha sido especial na vida. Escrever era um passatempo ou um momento de sorte. Escrever era e havia sido um meio de colocar provas de sua existência: sem amores, confuso, deserdado, rejeitado, alucinógeno (em se considerar a capacidade de drogas que foi capaz de engolir num único domingo).<br /><br />Nasceu de um pai bissexual, não assumido, com mãe liberal e irmãos muito contentes em estarem sempre vivos: o mundo deles, era uma redoma indizível. Que por bem de magia alguma, muitas conversas sobre os outros mundos, é que se mantinham apanhados e acompanhados do século vinte e um. Sabia disso, com uma certeza de vários sóis: sou fruto deste século em que a ordem era acabar com os resquícios dispudores de uma família que não existe mais.<br /><br />A família, sou eu. E era bonito isso. Enquanto se admirava que os que o rodeavam ainda creavam numa família antiga.<br /><br />- É perverso o que você faz dos seus segredos...<br /><br />- Eu não podia estar aqui na sua casa se não quisesse te ver.<br /><br />- São oito meses até aqui. E eu sentia tanta falta, dizia o pequeno.<br /><br />Era assim que seduzia o homem? Considerando sua parte mais humana? Seu cuidado. Seu modo de servir vinho. Sua maneira de amaciar os ouvidos para entrar a raiva alheia: ninguém no mundo hoje em dia tem tempo para ter paciência com as irritações.<br /><br />- Eu não quero a mania alheia. Eu quero possuir a legião. E isso tem um custo. Bebe o vinho! Bebe e vamos pra cama. Bebe e deixa que se derrama o que falta de mim. Tudo, eu não te disse, começou quando nos encontramos, e você, meu querido homem, que um dia entrará como mulher neste, mundo não foi gerado por mim: tu foste trazido aqui para uma obra única.<br /><br />Quanta megalomania em seu destino. E pretensões? De fato, por que não? Se pretende ser rico, ter carro, sair pela Europa ou fazer doutorado. Por que não se pretender assim? De certo modo acariciado por fantasias que criava pra si. Por que culpá-lo? Se não perdia o tempo fazendo planos com a mega sena, gerava textos complexos de seu prazer íntimo. Sua vida está feita, pequeno, e o rico que se foda.<br /><br />Nessa aventura, o pequeno só foi perverso com o homem, porque não podia deixar de sê-lo. Quando se lembrou de que aquele homem, negro e robusto negro, forte e vigoroso, se desviava de si por um segredo, ou desejo apenas: comer o cú do pequeno. Oito meses de fascínio por isso? Mas não por isso. Poderia ter dado amor e outros frutos mais românticos. O pequeno bebia ao se lembrar dos cálculos que não fizeram. Quis até pensou até em abraçar aquele homem que logo destruiria. Avisaria-o de que tudo estava errado? No final das contas, nem sexo fariam. No final das contas, só teria o prazer de vê-lo: dlim, dlom, estou aqui. Com um sorriso bobo. Foi possuído?<br /><br />- Se eu realmente não quisesse não esperaria oito meses para estar aqui.<br /><br />Ao final:<br /><br />- Vamos nos ver de novo?<br /><br />E o pequeno:<br /><br />- Claro que sim.<br /><br />Mas não nessa vida, pensou baixinho. Nessa vida ainda temo resolver o meu ano.<br /><br />E enquanto ele tirava a calça do homem hetero, sua última vítima, coisa que toda biba quer provar, o pequeno se lembrava do feio. Sim, e se lembrava do rico. Sim, e se lembrava de si. E se lembrava de ter amores. Mas a mão macia e aconchegante, o sorriso de simples paciência vinha a quem? Ao homem, que coitado, via tudo e tudo interpretava, como não poderia ser o contrário: como se fosse tudo para ele. É meu o pequeno, sorria.<br /><br />- Você não vai mais ficar com ninguém? Só comigo?<br /><br />- Sim.<br /><br />Mas quem te trouxe foi o feio, quem te construiu foi o rico e quem te encantou foi pequenininho.<br /><br />- Você quer que eu dance pra você?<br /><br />- Quero.<br /><br />E o pequeno se despiu mesmo. Dava pra ver, luz de sala. Nem velas, o corpo bem magro de uma cobra rasteira. E aquele piercing no mamilo, o que dizia? E aquela tatuagem bonita... É preciso tampar o passado. Ou as místicas de lado, era uma tatuagem divina. Seu pacto de humanidade. Dizia. O pequeno, por tanto, nunca estava pelado.<br /><br />Quando se deitaram, sentia-se materializar num ritmo de escrita, mas vivia a festa feita: ao mesmo tempo os flashs todos do recente passado. O encontro com seu feio no dia de julho de 2008, e sua família reunida, no mesmo tempo o colapso de ter sido levado por destino de quê? Era tão difícil assumir ao mundo que não existia destino. Era planta, apenas, planta, sob os ventos e organismos. Mentira. Era o rico que construíra sua casa para colocar uma plaquinha de madeira com a ousadia de seus dois nomes: amor verdadeiro?<br /><br />Por que não ter simplesmente vivido? Por que tantos casamentos e casos? Por que tanto tempo intocável? Apenas para controlar as letras? Ou manipular os diabos que matara de cabeça pra baixo. Mais de um voltou e mais de um se feriu. Nas mãos do homem, qualquer homem, só resta o homem.<br /><br />- Nós somos uma espécie linda, falou baixinho no ouvido dele, depois de vê-lo gozar. Falou baixinho, você não acha?<br /><br />Foi aí que o homem se deu conta da besteira ou do feitiço, foi aí que recusou o beijo do pequeno, foi aí que pegou suas coisas assustado e balançava a cabeça como se dissesse que não, não não não era verdade.<br /><br />- Eu, eu mesmo nunca teria saído da minha vida para estar aqui. O que você fez comigo de me seduzir e me deixar exposto.<br /><br />- Pode deixar, é um segredo nosso.<br /><br />E de segredo em segredo iria contratuando humanidades. Era assim que aprendera a se proteger. Assim teria aprendido muito mais com o rico, que segredou o pequeno num bloco de riquezas.<br /><br />Ao fechar a porta e saber que concluiria o seu romance bio-fantasmagórico, foi o rico que viu por detrás de si.<br /><br />E não é que as coisas do espírito não existem mesmo. Mas há coincidências do pensamento. O celular tocou. Nem era madrugada inteira.<br /><br />Agora eu tenho provas de que tudo vem a mim. E nunca mais pensou no destino daquela criatura homem, nem precisava mais pensar, o mundo que cuidasse dele e de seus segredos. Difícil mesmo era se concentrar com o aparelho tocando e tocando e não por falta de coragem, mas para se dar fôlego é que falaria assim:<br /><br />- Não adianta mais. Eu enlouqueci.<br /><br />Foi a primeira vez que ouvira o rico chorar? O rico finalmente desesperado. O rico finalmente preocupado?<br /><br />- Eu tenho coisas pra te falar ainda.<br /><br />Onde você estava, pequeno? Na cabeça de quantos infelizes? E todos mesmo infelizes que não salvavam tua cabeça nem por um fio.<br /><br />- Depois da nossa última briga? Eu enlouqueci, meu rico, eu vou terminar o Orquídea.<br /><br />- Você escolheu a pobreza, você escolheu a solidão, você escolheu a tortura desses dias e de todos os outros. Você sempre escolheu, você escolheu a insônia, você escolheu me esquecer. E por quantos anos? Quantos anos fugiu? Você escolheu não querer a casa que construí pra gente, pequeno, você enlouqueceu.<br /><br />Era isso.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/04251698440518933854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3748729824692944713.post-56921580318690035252009-05-29T23:19:00.000-07:002009-06-07T07:48:50.245-07:00Orquídea06Um leitor me pergunta:<br /><br />- Afinal, quem o pequeno amou?<br /><br />Mas este é o final de 2008. E no final de 2008 descobriremos tantas coisas que será com certa felicidade e um pouco de cumplicidade, tenho certeza que sim, poderemos brindar termos nos dedicado a esta obra.<br /><br />- Sim, o pequeno vive, foi o que respondi.<br /><br />As estatísticas não foram feitas do número de beijos ou não-coitos estabelecidos, nem do número de lágrimas e de urgências aos quais o pequeno dedicou muito em sua breve jornada de descobrimento. O pequeno tão pouco sabia quem amava até agora. Soube esperar, estabelecer contatos humanos, resolver questões vívicas e míticas de si, transmutar um gesto em gracioso aperto de mão e, quem sabe, até ter se tornado maduro. Tinha o corpo sempre magro e nunca era hostil. Dificilmente um de seus admiradores deixou de amá-lo por isso, mais foi, sem dúvida alguma, por seus defeitos sombrios: dizer não o tempo inteiro sem o que o próximo fosse respeitado em, pelo menos, sabê-lo. O corpo fala, basta.<br /><br />Foi desta forma que, após, ter concluído seu tão admirável romance contemporâneo cheio de metáforas e estilos intercruzados de escrita que nunca mais quis saber do homem. O hetero banido que por amor aos doidos e doídos saiu de sua casa lá longe e teve uma noite de vinho e doces no braço do nosso herói, que de braço só tinha a mente desequilibrada para capturar tão logo pudesse a alma tardia de oito meses de espera e finalmente pô-la a prova no final do Orquídea.<br /><br />Orquídea, portanto, se materializava. Fantasma vivo. Foi nestes oito meses que se passou a grande reviravolta, esta que dá início a história inteira, lá no primeiro capítulo de Julho deste romance. Ah, como é difícil guiar-se por história tão complexa: além das lembranças tantos nomes.<br /><br />Tem poesia nisso também. Ouvindo Siouxsie and the banshees, o pequeno sorria e lastimava ao mesmo tempo: gargalhava e tremia os dedos inquietos para não escrever uma linha que não fosse apenas ficção. Tem morte não-acontecida, crime de intimidades, tem beijos sigilosos e discretos: tem toques improváveis da memória: às vezes a gente pensa que tocou o outro, mas de fato, foi o outro maltratado.<br /><br />Tem os enganos que o pequeno não se importou em corrigir e aqueles que se importou demais em engasgar. Tem os enganos que o pequeno mesmo criou pra si e deixou como estava até a nossa orquídea brotar do chão: foi um tempo de vida e neste tempo em que brotava, a estima do pequeno era simples, não ter ninguém nesta vida, a não ser os fatos que, pelo tempo em que vivemos, são inevitáveis. Afinal, como dizia, o pequeno continua vivo.<br /><br />Materializado, é certo, apenas em letras, mas que não é matéria tão fina de nem se destacar o que é textura em tinta ou papel de verdade. Aos olhos quem sabe, à alma. E tudo o que ele quis, sem precisar forçar a nada ou utilizar de meios subversivos para ter uma trepada, como muitos gostariam que fosse: puta mesmo, limitou-se a se entregar ao tempo em que o homem certamente, o homem despido: cuspido ao mundo alucinógeno de nosso pequeno.<br /><br />- Não quero sexo. Quero vinho.<br /><br />Ele se comportava mais não como aquela criatura que conhecera o feio ou quando conhecera o rico naquelas cenas lindas... Comportava em cálculos e com muito afeto e respeito que nem o homem ali entregue à sua obra pudesse prever: - você quer ver que eu sou tão maluco quanto você.<br /><br />Só queria provas de que conquistava o coração ou a alma de um homem. Homem, hetero invicto, que pudesse, no final da noite utilizar uma calcinha e sair pervertido de si, de toda a humanidade. Está mudado o mundo!<br /><br />Se ria, o pequeno. Orquídea vive pouco mas é de biologias certas. Tu que és paradigma de mundo: deixava a capoeira por um sonho, aquela noite aconteceu assim: sem beijos.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/04251698440518933854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3748729824692944713.post-16804121006982436902009-05-29T22:10:00.000-07:002009-05-29T22:38:43.659-07:00Orquídea0YDizem que quem recebe um louco já era louco anteriormente e que se era são, coitado, nunca percebeu que santidade não há quando a semente é posta no beijo simples das bochechas e no toque maleável e discreto com que o pequeno desenhava carinho fraterno apenas por seduzir os coitados e deixar claro a si mesmo que não era o louco único da história.<br /><br />Breve seria uma biografia de tragédia, mas graças a deus, deus criou o homem e suas formas de manipular a natureza, gerar renda e saúde psiquíca a quem pudesse tê-la de imediato. E, se se tornava um bom educador, traía ao mesmo tempo alguns amigos, provocando-lhes, depois do amigo leal possível de amor de vida tranquila, jogos de pensar vez ou outra: por que não ao pequeno?<br /><br />Diferentemente dos outros, nisso e no mundo inserido, dos homens que amam os homens, poucos puderam lhe apontar na rua e dizer: foi este que comi. Era nisso que o pequeno se vangloriava e mais ainda de ser alvo do desejo daqueles que o procuraram por uma vida longínqua e sem traições. Mais te traio agora, dizia não o pequeno, te traio agora quando evito pensar em tais considerações. Não, não. Não. Era com o corpo e com sua falta de sexo que negava: e negaria, e negaria. E só aceitaria no seu leito, o lexotan tão bom de dormir.<br /><br />Para não pensar em amores ou possibilidades, numa esquizofrinia que lhe ocorreu dos últimos anos para então, já que não ficara com ninguém e com quem ficara não copulou: restou-lhe pensar que um bichano, um gato, preto, malhado ou cinza, lhe faria boa companhia, teriam suas telepatias de bicho e teria ao menos um pouco de afeto com pêlo alheio.<br /><br />É verdade que até hoje a Personne reclame seu posto de direito e o DitoCujo dito ainda ouse vez ou outra dormir com o pequeno. Porém, só por um tempo. Sua pele, até aos bichos é um tanto espinhosa ou sente espinho demais ao compartilhar a vida?<br /><br />Se considerarmos a psicopatologia o pequeno foi fruto de horrores que se tornou um fantasma.<br /><br />Agora voltemos a sua vítima deliberada.<br /><br />Certa vez ouviu de um infeliz que provocava amor ou por amor se iludia apenas por conta da escrita. Aquilo não lhe saiu da memória e como bem precisasse de um amor para ter história a prolongar seu personagem afeto, resolveu se endireitar num olhar mais atento de um colega seu. Daquela atenção calculou o desejo. E, com o desejo adquirido, por meio de inúmeras táticas bem simples e singelas em que o dorso passa não mais despercebido é que se entregou num misto de cuidado fraterno e preocupação carente de amores: o olhar bem compenetrado nos olhos do outro que vibrava ao seu mais puro sorriso. Claro que o outro não era tão tolo e percebeu a malícia do intento, mas percebendo apenas nunca tiraria a prova concreta.<br /><br />No que o pequeno deliberava que era tão melhor seduzir por intento. Um prazer novo com que brincasse de verdade, não como sofrera antes e nem por pena e consideração de ser amado, o pequeno queria a história de seu romance escrito: orquídea fantasma tinha sua orquídea num paralelo verdadeiro. E disse ao mundo e a todos, aqueles que acreditassem nele, que estava mesmo amando. Finalmente, dizia, finalmente meus amigos e caros amigos, eu estou apaixonado por alguém.<br /><br />- Quem?<br /><br />- Um cara hetero que não quer nada comigo.<br /><br />Assim ipsilon. Mas o mistério maior nem era esse. O mistério maior estava por vir. Era quando o pequeno precisava de forças pra enfrentar o mundo evocando o seu amor pelo feio, tão platônico e bonito, que vinha brilho em seus olhos. Era esse brilho que o tolo hetero acreditou ver que o pequeno tinha, só tempos depois é claro que o pequeno descobrira, que não foi por conta de cálculo e maquiavelisses que seduziu o homem, mas porque amou o mesmo e antigo amor sem nome.<br /><br />A estas alturas, como enfrentava com muita prática a pobreza atendida, evitava de se lembrar do rico, porque lembrar do rico, era lembrar que um dia poderia estar em outro lugar, no nordeste talvez, encontrado paz alguma em consideração aos que lutam tanto para ter uma roupa suja e um argumento sincero de ódio pela vida. Cada dia portanto era lhe difícil amar o rico que portanto enriquecera a custas dos outros.<br /><br />O pequeno que amara o Rio e que amara seus mendigos, sentia um certo tremor nas pernas ao pensar no rico, ainda, como quando se conheceram. E como quando ainda pensava que a cada toque do celular fosse ele lhe evocando qualquer corrida e tropeço e nova e novamente lhe evocando: talvez seja eu teu amor verdadeiro.<br /><br />Com um jamais de romances antigos, o pequeno respirava novamente duas carteiras de cigarro para não pensar nesta agonia ou verdade possível. Sim, graças ao pequeno por ter se criado com orgulho próprio. Mataria seu próprio ego mas jamais jamais jamais jamais.<br /><br />Ipsolon. Era tão bom ter o carinho e a bravura do homem que lhe dedicava horas e horas em lhe assustar com cuidado sobre a vida violenta. E quanto mais o pequeno evocava o feio em suas preces, mais o feio aparecia, surgia ou transmitia seus pensamentos ao homem que um dia, depois de oito meses, se rendeu ao lar doce lar que o pequeno construiu pra si e finalmente lhe entregou o fim da narrativa.<br /><br />Na semana seguinte em que ficaram o OrquídeaFantasma fora terminado com um prazer absoluto que há muito nenhuma outra criação sua lhe transmitira: era gozo novo! Dizia a si mesmo, ter manipulado, coitado, a vida.<br /><br />Porém é desses oito meses que iremos tratar. Porque neste ínterim foi que o pequeno descobrira muito do que foi dito no presente capítulo.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/04251698440518933854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3748729824692944713.post-64978995960674477482009-05-29T21:39:00.000-07:002009-05-29T22:10:13.804-07:00Orquídea05Infortunio que ele deveria seguir por missão espiritual justamente negar o espírito e escrever fantasmas em linhas todas enigmáticas. Por fim, um belo poema, ou alguns bons versos. Era o que sentia da obra.<br /><br />Infortúnio também que o inocente tenha deixado consigo apenas uma pedra vulcânica que ele fazia questão de deixar a vista e tocar vez ou outra na lembrança mais pura de não ser nem um gato nem um falcão: era ave de cortejo apenas.<br /><br />Consideremos as religiões e nenhuma delas explicou ou se ajoelhou perante ao humano que sofreu de suas perturbações como mentais: nada em si era amor? Todas elas, no entanto, se curvariam em lê-lo aos poucos e em lê-lo aos poucos se interessariam pela perversidade urdida, pela pouca prática em esconder suas lâminas febris. Sim é que tinha um riso bem claro de satisfação imperial. Mas pouco lhe importava naquele tempo, há pouco tempo e ainda pouco importa.<br /><br />Era mundano e, portanto, segredo aos olhos de deus. Talvez, pensava, a raça humana fosse um segredo de outro deus. Mas se percorro nesta ordem, deixamos de lado o amor: e esta sempre será uma bela história de amor que a morte não venceu tão facilmente e nem o tempo contemporâneo com todas as suas artimanhas tecnológicas conseguiu minar, nem as coisas do mundo e as libertações sexuais ou passeatas e nem drogas ultraquímicas conseguiram alterar.<br /><br />O coração humano estava intacto e, no mesmo tempo, convicto de si. Tão grande si. Tão pouco amor dos outros. Ou ingratidão do pequeno que não sentia ao seu redor ainda a lástima daqueles que nunca nunca conseguiam um beijo seu. À fraternidade e pela fraternidade, era seu discurso de proteção. O seu moralismo. O seu olhar que pudesse vagar em mistério algum: o feio e o rico são de histórias bem diferentes.<br /><br />Não vender o corpo e não ceder à obsessão. Matar-se num organismo que deveria ser frágil, era muito dolorosa a morte sem respostas em vida. Foi daí que surgiu tamanha força e coragem para enfrentar os montes e os cristos e os monges também da Esperança. Morros e sacrifícios por uma educação válida, a educação dos sentidos fortes. Era o que pensava em termos teatrais. Enquanto a orquídea existisse.<br /><br />Não devemos desconsiderar um amor paralelo, vocês darão risadas com tal evento, mas o nosso pequenininho era mesmo danado! E tinha gana de misturar tudo num pacote só, apenas para demonstrar a si mesmo, e talvez algumas pessoas ao redor que ainda podia sim, desmascara seu próprio amor fraterno numa invenção muito convincente. Talvez, sua maior crueldade. E por isso estivemos até aqui com este sigilo maldoso: já há muito tempo corria em seus pensamentos um certo amigo que lhe dizia coisas tão boas e tão humanas ou por serem humanas tão boas de se ouvir que lhe provocou determinadas doses de apelo.<br /><br />Apelaria a este amigo e pensou até em um novo casamento. Durou cinco anos esta história paralela. Durou exatamente o tempo de ter fincado sobre a solidão uma imatura, mas sempre nova ponta, ali, exposta para que, talvez que, pudessse penetrar por uma vida um pouco mais tranquila de tudo o que fosse. Bastaria que semeasse um pouco mais. Pena não ter sido equilibrado na história e ter jogado ao alto uma oportunidade tardia: o seu fraterno possível destino de amor tranquilo nunca esteve disposto, mas corajoso aceitou com lealdade a proposta seguinte: receber cartas de amor e por elas sofrer como quem de angústia.<br /><br />Isto foi verdadeiro e o nobre amigo de amor tranquilo cujo adjetivo eu não teria a dar ainda, não era um dos infelizes, nem era feliz com aquilo. Mais um dos jogos psicológicos ou patológicos, pensava, que a humanidade o deixou para tratar. E sua lealdade o transformou, de ler tantas cartas, num membro distante do destino do pequeno, o pequeno se tornou aos seus olhos a criatura menos macabra e mais conhecida, com dores, com amor sólido, era o que dizia nas cartas, com amor de quem cria amores bons. Ele não era bom, dizia ao pequeno, era apenas leal.<br /><br />E o pequeno mesmo se horrorizou daquilo, tempos depois, meses depois, e considerou, sem muita participação do coitado leitor de suas cartas, que esteve enganado. Nunca houve uma célula exposta capaz de transmutar o que não era amor em amor: fraterno, é sempre fraterno. A vida deste leal amigo, no entanto, estava intocada e seu destino seria do jeito que fosse conforme fosse, mas que não precisasse carregar o peso de ser amado por alguém tão desprezível. Certo é que o leal amigo de possibilidades de uma vida tão segura e honesta e verdadeira e humana (com seus defeitos todos) nunca pôde expressar, nunca foi lhe dado a palavra de volta, nunca o pequeno em sua presença lhe falava das cartas. Era mesmo um jogo de loucura, em que não houve nem vencedor, apenas ajudou e muito ao pequeno restaurar um pouco de sua sanidade, tornando, sempre isso, tornando a vida alheia um transtorno.<br /><br />Diz o leal amigo que as cartas ainda existem, bem escondidas e soterradas, apenas isso foi lhe perguntado um dia.<br /><br />Este foi um momento verdadeiro e lamentável, por conclusão de fato não houve mais amizade tão próxima entre os dois, nem amor sólido como gostariam. Talvez apenas amor. Sem adjetivo. O que danava ao pequeno nenhuma resposta dos outros. E por isso era célula acabada e finalizada, era cédula de valer gratidão e respeito. E de verdade a vida que lhe custaria, custar ainda mais aprisionar o outro em jogos de enganações. Acaso, o acaso não voltaria a atormentá-lo de certos nomes... homens ricos... novos amores... acaso, o pequeno não esteve este tempo todo com medo?<br /><br />Muito mais fácil reduzir o demônio ao pó que erguer a face à rejeição e aquela lágrima que não cai, está parada ali no ar e segue apenas por conta do movimento acima que o pescoço ergueu.<br /><br />Isso para não dizer que o pequeno deixou qualquer traço de possibilidades. Ele era inteligente e discreto e segredou com o amigo leal que segredou com o pequeno esta jornada sem sucesso. No mínimo talvez pudessem ter sido amantes, mas não, ao pequeno era um destino ou nenhum outro. E como nenhum outro veio das mãos do receptor, engoliu ao seco nunca lhe dizer outros nomes, por respeito ainda há amizade insana estabelecida. Eles se amavam de jeitos que ninguém nunca entendeu. É claro. E quando se encontravam e se encontram ainda, é de uma alegria extensa e de uma leve tristeza de cumplicidade ínfima.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/04251698440518933854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3748729824692944713.post-53614426814999035662009-05-23T20:31:00.001-07:002009-05-23T20:45:58.179-07:00Orquidea04Foi como se evocasse o que os espíritas consideravam energia vital.<br /><br />-Estamos quase no fim?<br /><br />- Não, estamos no ano de 2008 e temos um ano inteiro.<br /><br />E o rico, e os miseráveis, e os infelizes, e os amigos, e os inocentes. E tu! Onde tu estavas no início do milênio?<br /><br />Ego pequeno: que livre amor bonito.<br /><br />- Tudo por conta de ser manipulado para a escrita, dizia o diabo. Mesmo depois de assassinado ainda fala? Falava, falava sim, o mundo não deixou de existir por conta disso, meu querido egocêntrico.<br /><br />Fantasma dizia, fantasma baixinho, mas que história seria de si? Neste momento de luz imensa, assumido simplesmente um amor rarefeito sentia mesmo brilhar as veias: novas histórias e nehuma dúvida. Acaso fosse manipulado por legião de horrores, continuaria vivo, por que não? Éramos no ano de 2008 tão fortes e brilhantes e cheios de paixão pela vida. A matéria brilhava, os segredos surgiam da mais propaganda beleza: até os vídeogames se tornaram objetos de seu consumo íntimo. Organização, emprego, casa, móveis, tudo! Só lhe faltaria um gato. Ou dois.<br /><br />A casa, o apartamento, a independência. As crianças, a trilha das formigas, e seu fantasma na cabeça: surgia uma história brilhante, mas tudo começa por conta do amor.<br /><br />O amor era apenas um dado estatístico: o importante era o personagem. Ou a personagem idílica. Sedutora e criminosa de si, quem lia Orquídea e sabia que era pura autoinspiração se horrorizava: abusar nunca era demais aos olhos do leitor, vorazmente entregava-se ao leitor, leitor que fosse si. Mas leitor igual. Sempre e repetidamente humano.<br /><br />Quantas conexões fizeram os homens na sua mente para que ele pudesse chegar a concluir a idéia em papel ou virtualidades, mas concluída em histórias fictícias ou verdadeiras. E daí? Quais paradigmas surgiriam?<br /><br />O que ele na verdade dizia para si mesmo, Orquídea?<br /><br />Valia. Em vez de ver novela. Valia. Em vez de beijar na boca. Valia. Em vez de cozinhar. Valia. Em vez de falar sobre as coisas da vida. Valia. Valia, por fim era o que lhe valia.<br /><br />E talvez, por isso, reconsideremos o pequeno como herói e continuemos daqui.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/04251698440518933854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3748729824692944713.post-72164323356943134522009-05-23T20:14:00.000-07:002009-05-23T20:31:22.555-07:00Orquidea03Por isso é que algo o levou a miséria dos pobres? Não, foi um fator vital. Enquanto vitalícia era aquela energia magra: cigarrenta, provocantemente abusada em tudo o quanto podia fazer de desalimentar-se o corpo. As boletas, o álcool, o nada. As gargalhadas. A poesia suja. Ou não escrever para que no vão pudessem crer que não lhe valesse mais a vida.<br /><br />Como conseguiu um emprego de educador, resolveu que assim seria. Quem sabe a paixão pelo mundo infantil lhe trouxesse certa comiseração de si mesmo ou paixão que lhe viesse a brilhar os olhos por matéria. Mas ao contrário disso, a provocação da realidade era outra: nada temia e nada se surpreendia com seu amor humano. Era fato que o amor era humano. Era simples que fosse. Sem maldade, sem defeitos. Era amor. Mas que nele não plantasse nem um verso, fora este tipo de amor que lhe arrebatou o de si mesmo e os outros também?<br /><br />Passionalidade alguma num fantasma tão atraente de certezas. Era mais pura dúvida de uma mente inquieta, embora equilibrada por suas muletas.<br /><br />Vamos considerar a sua inteligência, metodologia existiam para ser aplicadas, no que ele realizava muito adequadamente. Ao menos sabia justificar seus erros. E acertar em alguns saltos qualitativos nas técnicas teatrais que oferecia em troca de ser educador. Como cumpria o protocolo. Mas no fundo, nas pausas e nos tropeços, ao passar de cidade e ilha, ao chegar em casa, entre uma ficção e outra, ou tormenta que fosse, teve os olhos voltados para um vácuo imenso. Certo é que criara uma história em sua mente: não era sonho, era uma história bem bonita, colocava o nome do feio numa plaqueta de madeira e ouro num monte frio que nevava, ali, esperava nevar mais e morria.<br /><br />O rico não lhe dera mais sinal, prova de que o amor carnal ou materializado também finalizava. Que homem procura tanto por outro homem assim? Neste caso, específico, sentia-se fidedigno, ao menos um desentrelaçara de seu nó fatal.<br /><br />A verdade lhe calculava nova ilusões: no seu primeiro casamento, aos 19 anos, o nosso pequeno herói já sentira a dor da pele tocada por uma noite inteira e já sabia de antemão que por pele nunca aguentaria mesmo uma passagem terrena tão intensa que lhe quisesse noite e noites inteiras. A não ser o platônico amor: nenhum outro lhe consumiria. O platônico amor lhe garantia o seu próprio deleite, a sua própria ilusão, a ilusão só sua de ser seu apenas e de não se compartilhar por entre dedos. Já não bastava que era necessário escrever idéias? E transmitir isso? Que loucura louca... bicha. Louca que lhe sucumbia sem que tivesse a mínima luxúria, embora a provocasse ainda.<br /><br />Mais tarde conheceu o termo spin. E spin o remetia ao termo espírito que por fim lhe entregou a obra. Orquídea Fantasma era um termo já criado, porém insatisfeito. Era preciso destrinchá-lo, era preciso ir até o fim com ele.<br /><br />E a placa na neve suava vagarosamente, porque suava.<br /><br />Certo dia, como nos contos de fábulas, o pequeno saiu de si e disse ao mundo: eu amei e amo. E o nome dele é feio.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/04251698440518933854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3748729824692944713.post-56175387561760497342009-05-23T19:46:00.000-07:002009-05-23T20:14:32.513-07:00Orquidea02Vamos voltar à razão. É verdade, não se tem direção a alma cansada e mesmo de corpo intacto e intocável, fantasma não era.<br /><br />Então quem era? Se arranjasse um meio de não-ser, era na escrita. O nosso pequenino soube bem como produzir obras em estradas de páginas e páginas até o esgotamento. Nem um paradigma que lhe dissesse mesmo a verdade do que era o amor, senão o amor-próprio encontrado na escrita: um personagem de si, sombrio e obscuro logo seria uma boa jornada. Aventura que se daria ao deleite.<br /><br />No entanto, o projeto só existiria por conta de um pequeno detalhe: obviamente ele precisava de mais uma vítima. Que satisfizesse seus mistérios escritos, nada carnais, mas assim, que viesse feito luva como já fora dado tantas vezes por feitiço divino.<br /><br />Sempre era o destino. Ou o destino dos infelizes que o cruzavam? Logo partia da Zimba com um inverno ao seu lado, depois de tentado seu último suicídio físico.<br /><br />Ah, que o equilibravam, os astros por certo nunca. Nem a legião ou obsessores que fossem. Era vida. História mesmo. Nada lhe era louco, porque realizava todas as tarefas normais.<br /><br />Voltemos novamente à razão, e o resgatemos do passado. Que impossível passado é esse que ele manipulava sem alegria alguma. O seu suicidio fracassado lhe deu provas garantidas que nem um corpo sem comer por cinco dias sobreviveria aos atos mentais sem reação alguma, ou seja: vivo. Bem vivo, trazia o corpo à tona o nome de seu feio e de tantos outros moribundos.<br /><br />Era auge do inverno. Sabia bem que seu corpo não poderia lutar contra todos aqueles ventos e janelas abertas e boletas que engolia antes e depois de comer e dormir, esperando a morte, e a morte passageira, apenas de passagem lhe dava que sinais de morais ou existência? Acaso assim provocaria o organismo alguma castástrofe tão profunda que lhe evocaria ao espírito por conta de seus paradigmas inevitáveis evocar o Amor!? Sim, cinco dias sem comer não foram suficientes para que morressse tão querido e em paz.<br /><br />E o tal do inocente, onde estava? Em sua cabeça é que não. Apenas a mãe dizia ao pobre rapaz: o menino está doente, é melhor não vê-lo. Mas doente que fica em pé? Por que o via pela janela? Por que o via zumbindo ou quase escrevendo e de pé morria? Pensava o pobre inocente.<br /><br />Era lamentável ao pequeno que alguém lhe amasse. Mas era improvável que ser humano não amasse outro. Definitivamente era apenas mais uma prova de que seu espírito estava mesmo ainda encarnado e provocava desejos bastantes dignos de aflição. Não em si mesmo, mas no outro que embora tivesse acesso aos poucos minutos juntos ao pequeno, pouco soube de que o nome de seu coração era um segredo profundo: nada era lhe tão frágil o quanto parecia ser.<br /><br />As suas viagens voltaram mais constantes à ilha, ponto que fazia para criar. Boa-noite cinderela, portanto deveria ser concluída ali. mas numa imensa pressa de se findar. Onde morreria, por fim? Ou como? Bem lembrava-se dos mendigos que nada matavam no Rio de Janeiro, bactérias e vírus e sujeira, nada os matavam. O corpo humano era mais que isso. E, na mente do nosso probre coitado, era insuportável saber que seu corpo era mais forte que sua alma. Tão alma, pequeno de corpo.<br /><br />Chegaria o momento de parar de chorar de ônibus em ônibus sem que ninguém visse? Chegaria o grande momento de se deparar com a pura inércia criativa que lhe rompesse logo o espírito escrevesse tudo atropelado e pelos avessos sem sentido ou nexo como era a sua coitada alma sem amor? Ou era de amor de mais que vivia ensolarando olhos que não lhe pertenciam?<br /><br />Sim, ele chorava, engasgando nas suas viagens quando o tremor do veículo rompia, e era assim imperceptível porque sua cabeça acompanhava o ritmo da estrada. Quem lhe via? A natureza ali distraída de si. E pisava o pé em cada terra para fingir que não existia.<br /><br />Devidamente não maculou o coração do inocente com nenhuma palavra ou termo, nem um sinal. Apenas o viu chorar também, quando definiu que não voltaria mais à Zimba e que nunca se vissem jamais por entre os olhos, afinal o inocente era apenas mais uma pessoa boa que por algum motivo se atraiu por sua demente sina: amar a si.<br /><br />A mãe, finalmente entendeu que houvesse criatividade naquele filho, e nunca mais ousou nem sequer relutar contra um amor tão voraz, capaz de mantê-lo vivo. Não era ódio quando ele chegou sorrindo ao final de suas páginas, cento e oitenta páginas de pura ficção terminava um ciclo de sua vida. Começou a contar-se não por anos de aniversário, mas por estes cálculos históricos. Talvez, só talvez, entre uma idéia e outra, não necessariamente entre uma página e outra, é que pudesse romper com seu destino, e morrer por fim da tormenta.<br /><br />Amar ao feio era-lhe indigno, mas foi a única coisa que lhe restou. Porque não amava a si mesmo, então?<br /><br />Diante de todos os grandes paradigmas ele cometera os pecados e nada lhe acontecia. Tinha noção apenas de que era humano.<br /><br />E, sem querer entreter o leitor de imagens chatas, apenas digo que perdera a noção do que produzia: se era bom ou não, nem merecia autocrítica.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/04251698440518933854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3748729824692944713.post-68405967744453105722009-05-12T19:00:00.001-07:002009-05-22T18:34:59.350-07:00Orquídea01No de 2008, o mundo, feito mágica, já era outro.<br /><br />Não reveremos agora o que fantasmorizou nosso personagem. O caráter da dor deve ser passado a limpo de passos em passos. Ou páginas virtuais. Não há verdade nos fatos decorridos da solidão: tudo, ilusão do acaso. Mentiras que o passado constrói sob forma de alegoria, o que de certa forma é bom, se dá ao homem momentos íntimos de entreter o leitor.<br /><br />Pouco demente diríamos, ou o suficiente para recuperar as forças seguindo no ano cujo pequeno se faz flor. Bravo pequeno que quando mais próximo chega ao ano de seu dia ou ao dia de seu ano mais perdido estava em finalizar seus planos tão íntimos: apenas um sonho.<br /><br />É que de um sonho incompleto se torna a vida um grande enlace de fatos inesperáveis. Coisa que aos olhos do pequeno parecia ainda de ter esperança: controlar 0 futuro, depois de desafiar a muitos, e muitos tolos sobreviveriam para lhe garantir a história final? Ou ele mesmo seria um narrador desvasto: que vai, eu diria.<br /><br />Nada conforme seu planjenado, isso era certo. Nem o não-acontecido nem o acontecido: o pequeno estava conforme o plano do destino? Que muita ousadia tinha para desafiar o destino? Em 2008 nada mais lhe era verdade, os fatos: nen um deles. Ou todos eram tão verdadeiros que ele mesmo não pôde encarar assim.<br /><br />Soube apenas silenciar e esperar. Na sua espera acreditou ter criado uma obra única chamada Orquídea, vinda de si mesmo e para si: fantasma.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/04251698440518933854noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3748729824692944713.post-20477265150223000532009-05-12T17:12:00.000-07:002009-05-12T18:13:44.409-07:00Outono quinzeQuinze quantos números da sorte fossem: o inocente bateu à porta e entrou.<br /><br />Desajeitado, coitado, pediu para falar com o escritor. E com mil cigarros já fumados foi recebido com certo apreço. Finalmente o escritor sorriu? Parecia até que esperava que um dia ele chegaria desprevenido para lhe dizer coisas em silêncio. Jogava vídeo-game.<br /><br />- Mas hoje é seu aniversário.<br /><br />- Eu sei.<br /><br />- Vocês não fazem festas aqui?<br /><br />- Não na minha família. Eu pedi um gato de presente, mas minha mãe acha complicado. Meu irmão também. Depois que tivemos uma preta que morreu aqui. Não aqui onde moramos agora, já moramos na rua farrapos. Quer dizer, eu não. Eu nem tinha pra onde ir.<br /><br />- Você é engraçado, sabia?<br /><br />- Quer jogar?<br /><br />- Eu vi que você gostou de uma das pedras. Daquelas vulcânicas e ontem eu passei o dia inteiro e trouxe esta.<br /><br />Se o inocente pudesse saber o que fizera o dia inteiro sem comer o pequeno, se o inocente pudesse advinhar a guerra antiga que se retornava naquele espírito ruim, se a bruxaria nem do demônio bastava. Ou era vingança de deus por ter matado seu filho expulso também? Dois filhos mortos, jamais. Era a tua hora pequeno e um menino procurava predras para brilhar seus olhos sórdidos.<br /><br />Claro que sabemos que o nosso vulnerável amigo não era insensível as doçuras e as risadas tênues que lhe vinham, nem aos choros ou aos soluços tortos de quem lhe concedia confissões sagradas do indíviduo. Restava-lhe continuar fingindo? Sim. O feio não lhe sairia a boca, o rico que lhe fugia, como tanto quis, agora o queria, novamente. E este menino com a pedra nas mãos? Ele existe? Não era melhor deixá-lo entrar um pouco ou quem sabe foi a sua persistência toda que rogou praga por havê-lo aberto.<br /><br />Sorriu de novo, viu o inocente.<br /><br />- Esta pedra me fará bem no inverno que tanto tenho medo e tanto tanto desejo.<br /><br />Tinha o formato de um sabão perfeito e negro e brilhava, era mesmo, o inocente soube encontrar do mar algo que lhe fosse caro por todos os dias. Guardado hoje em lugar de trabalho para não esquecer que um dia fora amado sem precisar decifrar amor.<br /><br />Passou o controle do game e fê-lo sentar-se ao lado. Conversava como se esquecesse de seus planos e de seus amores árduos. Se poderia, ao menos, deixaria alguém feliz por troca de pedras vulcânicas e sentimento humano. Até se parecia com sua poltrona puf de sentar-se como gordo, sensação nunca sentida do magricela, mas bem alimentada pela saúde imensa do inocente de olhos claros, claro... Não era um anjo da avenida estrela, era o recado: ainda que passe por cima dos mundos haverá alguém. Haverá.<br /><br />Jogaram muito tempo. E as mãos pequenas e leitosas finas e delicadas de segurar sem parar o seu presente deixavam o rosto do rapaz desconcertado: ele não soltará a pedra que dei? Jamais?! E voltava à tv sorrindo e sorrindo.<br /><br />- Eu vou passar dessa fase.<br /><br />A irreprocidade do nosso herói foi a prova que precisava de si de que nem tudo poderia ser frio e de que embora houvesse uma hora de partir permitiria ser cortejado até o inverno. no dia seguinte.<br /><br />Não cheguemos tão apressadamente ao futuro capítulo. Se estende dor ao inocente. Que talvez eu narre ou deixe ao lado. É melhor que o sofrimento contaminado não seja. Pena não ser desta forma de reais fatos acontecidos em corações terrestres.<br /><br />É que a Personne miava incontente de ciúmes. Falar de outros como se traísse em póstumo os fatos que virão em 2008. No dia em que o DitoCujo perdeu a virgindade da sacada e caiu, como ela caía, escrever não é delicado. Dizia em seu roncado clássico.<br /><br />- Mas não é assim Personne que os homens fazem ao protelar seus diálogos mais belos?<br /><br />Miãun... Aquele dia 20 foi um presente e quando os olhos se cruzaram pouco, o pequeno já soube advinhar o futuro sangrado que causaria. Pena, não ser de outra forma o seu coração tão térreo.<br /><br />Lembrou-se sem noção de tempo que um de seus infelizes causara certa felicidade assim, num ano de pneunomia, quando passava da rua dos farrapos à ilha a ponto de se formar, e tinha esse amor vesgo no seu esquecimento. Foi como tantos outros deixados pra trás, vinda as miseras racionalidades próprias com que manipulava os sentimentos ou um dos presentes cabíveis que lhe ofereceram os deuses por experimento. Fato é: foi experiência de saber-se iluminado, pequeno naqueles 2005 dourados de quase morrer e mesmo assim, sem casa ou destino, se formar com mérito 10. Há sempre um anjo experimentado.<br /><br />Era pra ele que ao final de um capítulo, eu lhes dizia, o único que dos infelizes admiráveis. Ou não?<br /><br />Voltemos aos amores felizes: não se pode dizer que feliz é o amor irrecíproco, mas dessa mesma lei é que surge às mais cenas delicadas de expressão, nem faz rir, mas de sorriso faz um bobo qualquer. A ilusão deixada: finalmente aberto o nosso herói nem pensou que pudesse causar ou se era culpado de ser amado ou não. Sou gente, pensava, e ele crescerá e descobrirá por si próprio o caminho das mentiras e daquelas que nos ensinaram a creditar.<br /><br />Entrada do inverno: e nós veremos esses dois personagens se diluindo no amor que um queria e na morte de outro que não tinha a quem amar. Só o feio, só o feio lhe retumbava mais que o demônio, muito mais. Matado os mitos, sobram mesmo homens. ou os mesmos.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/04251698440518933854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3748729824692944713.post-32946998545417297612009-05-12T16:49:00.000-07:002009-05-12T17:12:19.855-07:00Outono quartorzeAlgumas idas e vindas e o nosso heroizinho se recuperava ou se equilibrava ou se estendia um pouco mais: há rédeas demais em seu espírito.<br /><br />Surpreendentemente o inocento começou a encontrá-lo, numa volta, num outro momento, numa esquina da Zimba, numa praia. Num lugar. Ele estava lá. Ele esteve lá e o observou sem mácula. O que ele queria, pouco importava ao pequeno que tu sabia prevenir, menos o amor.<br /><br />Não que fugisse como de outrora de qualquer contato humano, mas não precisava mais se ver negar e despojar mortos corações a quem viesse. Homens-corvos que viriam lhe tragar o sémen, há tantos assim. E eu sou o quê? Julgava-se lesma. Só.<br /><br />Certo é que o inocente não investia, sorria quando podia ser notado. Até que caminharam na praia, atividade que o pequeno passara a ter nos raros dias de sol dos últimos dias daquela estação.<br /><br />Parece até que advinhara que descia sem pressa, olhos pra dentro bem dentro, com certeza angustiado de ser livre demais. Tinha seu plano em mente, mas a história não se prolongava em tempo de definir. E o inverno, por que demoravas?<br /><br />Ele correu, sem os amigos ficava mais belo.<br /><br />- Você sempre vem caminhar, né?<br /><br />- Quando faz um pouco de sol. Ou quando o céu está claro, talvez. É bonito o sol de outono.<br /><br />- Daria um título para um livro.<br /><br />- Achei que você era surfista, não me lembro muito.<br /><br />- Aquele dia na ilha eu me perdi. Mas tudo bem, eu tinha ficado tão feliz...<br /><br />Caminharam bastante em silêncio.<br /><br />- Eu leio sabia, eu leio.<br /><br />- Eu também. Mas nunca irei ao mar. O mar me causa medo. Olha lá, não tem estrada pra ir.<br /><br />Pararam e sentaram num monte de areia.<br /><br />- Tem gente que fala de ti...<br /><br />- Você já me disse isso.<br /><br />- Mas eu não me importo.<br /><br />- Não agora, depois... Depois você deverá se importar. Não se sinta mal se começares...<br /><br />- Eu não tô nem aí, eu não me importo.<br /><br />Até que o pequeno viu coragem naquelas palavras. Era a jovem coragem musculosa das ondas e dos ventos nunca tardios daquela cidade. Boa para poemas. Nunca para romances. Ou ambas as coisas. Vendo o mar, se perdia de fato e aquele mar horizontal foi-se verticalizando de tal forma que ele tonteou, mas fingiu. O inocente sorria tentando falar qualquer coisa agradável, mas talvez tivesse muito muito medo de cometer bobagens. O pequeno sentia isso por uma vibração de voz, mas estava concentrado naquele mar-tela-de-computador e do dia fatídico há pouco tempo que descobrira seu antigo amor na ciência neurológica. Foi quando se deu conta de que estava mal?<br /><br />O inocente correu e por alguns momentos desaparecera por algum lugar. Em alguns minutos o pequeno chorou bastante a lástima de ser pego tão desprevenido. O rico certamente desaparecido. Os infelizes contentes, sentia. E o primeiro amor retombante feito o mar sem estrada. Retornante de um caldo semi sangue semi dor sem sêmem algum de si. Forte, chuvoso e demorado.<br /><br />- É assim o amor, falou baixinho com os pés de areia e o vento que soprava bem ralo por cinco centímetros de chão. Traz calma com esses pedacinhos espetosos.<br /><br />A mente vazia rompe o silêncio. É hora do inverno. Não pode ser que chegara ali por tanto e tão pouco. Verdade ou não: o pequeno tremeu frases que pareciam o nome do amado. antigo o feio amado e feio. Os cálculo todos lhe vieram e tudo o que ousou esquecer de memória e de sentimentos estava tudo a sua frente: o mar, de fato é uma desgraça aos homens sãos.<br /><br />Levantou-se. Era hora de parar com tudo e alegrou-se: era mesmo a hora tão esperada. O inverno será daqui três dias apenas. E morre em paz. Se dei voltas pra descobrir este novo inferno em mim. Sentiu o nome que te evocava, mar a mar, estavam próximos.<br /><br />Caminhou, mas sem chorar. Nem lágrima teria a sorte de vê-lo autohumilhado e descontente. Alegre também! Era a hora era a hora! Submeter-se ao antigo amor, que feia é a inocência pura e simples ou as crenças que não conseguiu tirar de si, de repente voltam como cataclismo de onde?<br /><br />Ouvia de espírito o feio chamando o seu corpo todo sadio de ser frígido e a voz do inocente ao longe e correndo para alcançá-lo.<br /><br />Sorria sempre? Por quê? E a camiseta fora do corpo, o vento chegava a cintura.<br /><br />- É noroeste.<br /><br />E dentro da camiseta mil pedras para que se divertisse. Você estava tão triste no seu silêncio. Suava. Suava em dia úmido como aquele suava. Mas tão impregnado de certo amor que o pequeno não se percebia dele e nem ele da dor do pequeno. Parados em que o mundo dizia: não.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/04251698440518933854noreply@blogger.com0