Pequeno Prefácio do Autor

2008 é nome da obra em que me insiro num universo da passionalidade ficcional.
Não sei se ao leitor agradará o ritmo e os recortes ou os possíveis surgimentos, sei sim que entre a verdade e aquilo que inventamos há um universo inteiro: é nesse universo que estamos no ano de 2008.
Prefaciando cada capítulo meu, encontro Waldo Motta, poeta dominador de almas que é.

O último capítulo Réquiem está na barra acima por um motivo último.
Os capítulos são interdependentes podendo ser acompanhados sem ordem ou pela ordem do leitor.

Classificação etária: maiores de 16 anos.

Páginas lidas

sábado, 11 de abril de 2009

Outono dois

E você narrará todas as aventuras daquele ínfimo?
Não, é que dos fatos logo se vê que o futuro encerrará: como encerrou os infernos do menino.

E do pau grande que voltei ao outono. O menino se riu. Não pegou nem nada. Olhou chapado de maconha ao pau do amigo. grande galã das meninas e sorriu. a loira está na sala, e servirá mais a ela. eu ainda sou virgem e só posso quando eu e a japonesa, por fim, nos acasalarmos. nada antes disso. antes quero ser um gay experimentado por uma fêmea. antes, coma as fêmeas e a gente quem sabe se vê novamente desse jeito, meu amigo.

Era sincera a sua postura. claro que não disse aquilo tudo, aquilo tudo pensou. não lutou contra a sua vontade, embora houvesse se ofuscado por quase um pouco de desejo, mas daí é o surgimento do seu caráter fresco - por um lado, e por outro: bem azedo. Antes cumprir seus outras íntimas decisões que se atrair por um pau. O gesto foi singular, fechou a calça do amigo. e disse mesmo, foi a única coisa ouvida daquele pensamento todo:

- meu amigo.

O amigo sorriu sem graça, mas dias depois agradeceu. Poxa, podíamos ter cometido uma bobagem, eu gosto mesmo é de meninas. tudo bem, morreu naquele dia.

Do fato seguinte, com seus destroços de Brasília em sonho é que lhe tornou obsessão inconsciente: surgia-lhe na madrugada, a voz ouvida, vem, entra, vem, entra e ele entrando e seguindo a voz até o local de onde a voz saía. talvez fosse lá o grande portal, a grande entrada que, não sei se já contara: o pequeno aprendera desde cedo, como melhor desenho, com seu melhor bizarro amigo de segundo ano do primário. em Brasília.

Manteve seu primeiro segredo. E o primeiro segredo era o que lhe dava forças. Porque uma hora ele voltava a ouvir a voz ou ver o maldito, que lhe atraía como atraía sempre a quem tem a alma aberta assim.

Acontece que naquele outono final, depois do Rio de Janeiro, malas e a mãe sorrindo. O quarto enorme pra sim, é finalizou depois de quinze anos quase a sua relação com o diabo e o sufocou, o enforcou e o agrediu. Você nunca mais estará comigo. Parecia forte mas não era. Sentiu saudades depois, e o demônio não voltou. Estava feito, e por isso digo: que o outono abre as portas e fortalece os ossos de quem tem coragem. Aproveita o outono quando o inferno é mais ameno aos coitados, pequeno. Aproveita inclusive, porque de porta aberta mira-se mais fácil adentro.

E por que a revolta toda com aquele cujo tudo lhe dera, da criatividade às místicas formas. até lhe dera a dor que lhe correu aos dedos por iniciação. a dera lhe dera a agonia, a angústia duro lhe dera por prova, que não era essa toda a sua lista? provar todos os sentimentos humanos. como se humano não fossse, orgulhoso de si, príncipe de seu paraíso, sem o céu natal nem as ilhas, o que faria tu? se não fosse o braço de cristo no Rio de Janeiro a lhe evocar mais as dívidas que os firmamentos. e tu ainda conseguiste trair o demônio convidando a sua festinha demente: num quarto, no sul do país, onde o vento gritava e afastava os pássaros mais bonitos.

tiveste tempo, pequeno, é o que ninguém sabia, criaste o tempo: de enfrentar a todos no seu enorme silêncio. enquanto mato o capeta deixa que os meus amigos se divirtam e saibam que morrerei outro dia, mas nunca no inverno. nunca no outono. nunca verão. nem primavera. eu morro quando até o céu se ajoelhar e me convencer de que não perdi: mas ganhar não era nem preciso.

o que era então? É que toda relação tem seu fim.

Outono de 2005: um salto. um desfalque, uma estadia à paciência.
Outono de 2003: o fim da relação com seu segundo marido: sorriso abominável. Podes ficar no meu apartamento, podes trazer quem quiseres, já não preciso de ti. E por isso, enquanto todos o achavam tão bonzinho ele só sabia, que o destino havia cumprido sua parte e ele retribiu libertando a ave ingênua e obsessiva. ninguém moraria com um ex e aguentaria o que tu aguentaste, pequeno. mas ele não aguentou nada. o ex, de fato, nem lhe existia, nem ao cotidiano nem às brigas que ainda tentara provocar. nem ao sexo que ainda tentara levar o nosso pequeno como último espasmo do relacionamento já definido: não existe mais. agora meu objetivo é me formar com dez.

Outono de 1997: não estudara para o vestibular, apenas se concentrara de que teria vida. e se concentrara em escrever demais. deixara a balada de lado para o intento. é sempre um período de recolhimento sabido. algo se passa na mente do pequeno. e como sempre, vinha a vitória no inverno: foi quando fora aprovado em artes dramáticas, produtos da cultura que lhe serviriam, para ao menos, passar os dias mais divertidos.

Se pudesse, passaria um outono aqui e outro na europa central, no mesmo ano dois outonos seria lindo.

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