Pequeno Prefácio do Autor

2008 é nome da obra em que me insiro num universo da passionalidade ficcional.
Não sei se ao leitor agradará o ritmo e os recortes ou os possíveis surgimentos, sei sim que entre a verdade e aquilo que inventamos há um universo inteiro: é nesse universo que estamos no ano de 2008.
Prefaciando cada capítulo meu, encontro Waldo Motta, poeta dominador de almas que é.

O último capítulo Réquiem está na barra acima por um motivo último.
Os capítulos são interdependentes podendo ser acompanhados sem ordem ou pela ordem do leitor.

Classificação etária: maiores de 16 anos.

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sexta-feira, 29 de maio de 2009

Orquídea06

Um leitor me pergunta:

- Afinal, quem o pequeno amou?

Mas este é o final de 2008. E no final de 2008 descobriremos tantas coisas que será com certa felicidade e um pouco de cumplicidade, tenho certeza que sim, poderemos brindar termos nos dedicado a esta obra.

- Sim, o pequeno vive, foi o que respondi.

As estatísticas não foram feitas do número de beijos ou não-coitos estabelecidos, nem do número de lágrimas e de urgências aos quais o pequeno dedicou muito em sua breve jornada de descobrimento. O pequeno tão pouco sabia quem amava até agora. Soube esperar, estabelecer contatos humanos, resolver questões vívicas e míticas de si, transmutar um gesto em gracioso aperto de mão e, quem sabe, até ter se tornado maduro. Tinha o corpo sempre magro e nunca era hostil. Dificilmente um de seus admiradores deixou de amá-lo por isso, mais foi, sem dúvida alguma, por seus defeitos sombrios: dizer não o tempo inteiro sem o que o próximo fosse respeitado em, pelo menos, sabê-lo. O corpo fala, basta.

Foi desta forma que, após, ter concluído seu tão admirável romance contemporâneo cheio de metáforas e estilos intercruzados de escrita que nunca mais quis saber do homem. O hetero banido que por amor aos doidos e doídos saiu de sua casa lá longe e teve uma noite de vinho e doces no braço do nosso herói, que de braço só tinha a mente desequilibrada para capturar tão logo pudesse a alma tardia de oito meses de espera e finalmente pô-la a prova no final do Orquídea.

Orquídea, portanto, se materializava. Fantasma vivo. Foi nestes oito meses que se passou a grande reviravolta, esta que dá início a história inteira, lá no primeiro capítulo de Julho deste romance. Ah, como é difícil guiar-se por história tão complexa: além das lembranças tantos nomes.

Tem poesia nisso também. Ouvindo Siouxsie and the banshees, o pequeno sorria e lastimava ao mesmo tempo: gargalhava e tremia os dedos inquietos para não escrever uma linha que não fosse apenas ficção. Tem morte não-acontecida, crime de intimidades, tem beijos sigilosos e discretos: tem toques improváveis da memória: às vezes a gente pensa que tocou o outro, mas de fato, foi o outro maltratado.

Tem os enganos que o pequeno não se importou em corrigir e aqueles que se importou demais em engasgar. Tem os enganos que o pequeno mesmo criou pra si e deixou como estava até a nossa orquídea brotar do chão: foi um tempo de vida e neste tempo em que brotava, a estima do pequeno era simples, não ter ninguém nesta vida, a não ser os fatos que, pelo tempo em que vivemos, são inevitáveis. Afinal, como dizia, o pequeno continua vivo.

Materializado, é certo, apenas em letras, mas que não é matéria tão fina de nem se destacar o que é textura em tinta ou papel de verdade. Aos olhos quem sabe, à alma. E tudo o que ele quis, sem precisar forçar a nada ou utilizar de meios subversivos para ter uma trepada, como muitos gostariam que fosse: puta mesmo, limitou-se a se entregar ao tempo em que o homem certamente, o homem despido: cuspido ao mundo alucinógeno de nosso pequeno.

- Não quero sexo. Quero vinho.

Ele se comportava mais não como aquela criatura que conhecera o feio ou quando conhecera o rico naquelas cenas lindas... Comportava em cálculos e com muito afeto e respeito que nem o homem ali entregue à sua obra pudesse prever: - você quer ver que eu sou tão maluco quanto você.

Só queria provas de que conquistava o coração ou a alma de um homem. Homem, hetero invicto, que pudesse, no final da noite utilizar uma calcinha e sair pervertido de si, de toda a humanidade. Está mudado o mundo!

Se ria, o pequeno. Orquídea vive pouco mas é de biologias certas. Tu que és paradigma de mundo: deixava a capoeira por um sonho, aquela noite aconteceu assim: sem beijos.

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