Pequeno Prefácio do Autor

2008 é nome da obra em que me insiro num universo da passionalidade ficcional.
Não sei se ao leitor agradará o ritmo e os recortes ou os possíveis surgimentos, sei sim que entre a verdade e aquilo que inventamos há um universo inteiro: é nesse universo que estamos no ano de 2008.
Prefaciando cada capítulo meu, encontro Waldo Motta, poeta dominador de almas que é.

O último capítulo Réquiem está na barra acima por um motivo último.
Os capítulos são interdependentes podendo ser acompanhados sem ordem ou pela ordem do leitor.

Classificação etária: maiores de 16 anos.

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quinta-feira, 7 de maio de 2009

Outubro doze

O inocente abriu os sensores de um quase robótico homem das contemporâneas idéias. E daí, é que outros invadem. E daí, é que outros ressurgem.

Numa passagem à ilha, onde as mágicas acontecem tão aleatórias e desprevinidas, o que se calcularia então. Recebido com frieza na poltrona ao lado. O inocente sorriu.

Certamente o pequeno, embora apreciasse a paisagem dos últimos resquícios de outono não se apercebera da gentileza de dois lábios tão espontâneos.

- Eu já te vi por aí.

E não ouviu a frase singela, ou preferiu não ter ouvido. Fato é que não respondera à nada.

- Você está bem?

E não respondera nada.

Por fim, fora levado a olhar.

- De quando me conheces?

- Talvez não sei da tua janela, você não mora ali... assim... assado... e passa horas no quarto assistindo o céu?

Se é que se pode ser notado daquela forma por um estranho. Se é que ainda há estranhos que notam outros estranhos nessa vida, o pequeno abriu-se ao diálogo sincero, ou permissivo.

- Pode ser que seja eu.

- E tinha os olhos sempre tristes ou era alguma idéia fabulosa. O pessoa daqui me disse, ali tem um escritor, sabia? E ele é maluco, e... diferente.

- É, eu sou diferente, mas não de todos nós. Eu creio.

O inocente sorriu mais uma vez e aí sim estendeu os lábios à alegria espontânea de conversar com quem tanto viu de passagem e histórias ouvidas de um povo que fala, não porque seja de interior, mas porque o estranho pequeno causava a fala necessária aos mistérios que os jovens sempre especulam entre si.

Regorjitou por si que aqueles olhos de admiração, será que negligenciria?Quem por que aparece para desviar meus intuitos sem ser alguém de fato? Mas abrir-se ao novo fraterno que nada terá ao meu útil futuro: valerá a pena? Nem sempre vale, mas a viagem é cansativa por si só, embora dure pouco, e a paisagem conheço mais que este rosto inocente que ao menos se dispôs a mim.

- Eu entendo pouco das pessoas daqui. De fato, não me interessam. Nem o inverno que virá.

A frieza do pequeno alimentav o calor daquele rosto inseguro e cheio de perguntas feitas e quistas imediatas pelo contato direto com alguém tão disperso de si? Quanta aparência sem interpretação faria o pequeno? Nenhuma. Nenhuma. Nenhuma. Nem quis saber por que vez ou outra era visto. Certamente da janela da sala ou de seu quarto onde passara horas vendo os céus penumbrosos que chegavam ao longe, certamente ao ter suas idéias ou deixar que a fumaça se espandisse do cigarro à cidade, enfim, quantos não o notariam?

- Eu moro aqui também! Mas será a minha primeira ida sozinho a Florianópolis, sabia? É pra lá que vou.

Demonstrou ansiedade e receios.

- Eu conheço por lá, mas para onde você vai?

- Pra casa de um amigo. Minha mãe deixou.

- Que bom.

- Você é legal, sabia?

- Que bom.

E os assuntos foram puxados, como puxam certas curiosidades que o pequeno mal respondia, apenas por que era desnecessária até a companhia naquele momento em que pretendia calcular tudo pela vitória e pelos fins.

Daí gaguejou um pouco. E teve coragem de ainda falar sobre o pessoal que dizia sobre o diferente.

- Então é isso que sou: o diferente? Achava ser pequeno e imperceptível?

- Não não, não quis te ofender... é que é diferente...

- E você?

- Eu não ligo.

- Eu não sou a melhor companhia eu acho. Mas bem, daria um bom conto se me contasse um conto teu.

Ao menos o pequeno usurpava da boca dos outros histórias que se lembraria ao fragmentar outras tantas para criar as suas fictícias. É um bom passatempo aos que se escondem de si expondo os outros a revelia de detalhes mixados.

- Já que estás aqui. Me fala dessa aventura que será, a Ilha.

Nisso ninguém poderia supor, que à dedicação do pequeno sempre haveria um outro motivo. Interno, da criação.

O inocente tocou em seus braços, sem querer, mas pediu desculpas mesmo assim.

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