Pequeno Prefácio do Autor

2008 é nome da obra em que me insiro num universo da passionalidade ficcional.
Não sei se ao leitor agradará o ritmo e os recortes ou os possíveis surgimentos, sei sim que entre a verdade e aquilo que inventamos há um universo inteiro: é nesse universo que estamos no ano de 2008.
Prefaciando cada capítulo meu, encontro Waldo Motta, poeta dominador de almas que é.

O último capítulo Réquiem está na barra acima por um motivo último.
Os capítulos são interdependentes podendo ser acompanhados sem ordem ou pela ordem do leitor.

Classificação etária: maiores de 16 anos.

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sábado, 18 de abril de 2009

Outono quatro

De quantas mil facetas se fazem a releitura de amor em corpos tão diferentes?
Nos seus contextos, nas suas histórias reais ou não, é que o amor bate seus fundamentos quase similares, nos sacríficios, nos orgulhos.

Mas e no século vinte um onde as flores cada vez mais se tornam escassas por entre os prédios e por entre os jardins?

O vento de outono é pequeno em muitos lugares, naquele ano era enorme e grande: como se trouxesse junto boa parte de inverno. 2007 ou o local: a conjuntura dos dois, diriam os leitores.

Veremos. E nos surpreenderemos que ali já o futuro se incita. Voltemos ao futuro: 2008, onde, de fato, sabemos que há um final da história, final este que o pequeno, ainda tímido, teme em expor. Já está definido, sabemos que temos, porque o lemos no ano de 2009. E isto é muito verdadeiro: o amor pérpetuo.

E que se desfaça ou ainda se refaça em várias outras particularidades, nem sempre sóbrias. Tons que de amarelo chegam ao violeta de uma esperança bem fraterna ou de uma paixão continuamente encravada nos espíritos das personagens.

Virá, quando do último do último capítulo, eis então, este de aqui em que o pequeno, desconcertado com o luxo do rico, se cala. Persone mia e o Dito-cujo (que ainda não foi enfrentado, creiam que o inferno ainda não se relatou): o Dito-cujo virou um gato. Nossos dois coadjuvantes malhados.

Por fim, aquele rapaz, lembram-se do Rio de Janeiro que mora em São Paulo, a quem numa espécie de romantismo enganador o pequeno prometeu: em todas as cidades pelas quais passaremos... Ele chegou até a casa do pequeno, onde o pequeno era outro, afundado nas suas missões. Missões essas que tinham a ver com a escrita. Conheceu a mãe do pequeno e com ela travou cordial e muito saudável amizade. Dava tempo até de o pequeno dormir em sua paz de espinho.

Ficara feliz, é claro, a promessa se cumpria sem planejamento algum. A surpresa da visita lá numa casinha ao sul do sul, onde as tempestades são vistas! Esteve nosso jovem ranzinza. Pelos fatos, não analisarei os motivos psicológicos a que veio ou emotivos ao que sempre nos propomos em crer: a paixão nos leva aos enredos, não?

Mas é de espírito também falamos. E os espíritos rondaram pôr última guerra ou guerra definitiva, sem que nem o pequeno soubesse ou se preparasse a travar.

Vejamos que ao rico, tudo estava como o pequeno havia lhe dito, lá na beirada da lagoa de freitas: eu tenho um namorado e eu voltarei para a casa materna. Defidamente o seu namoro criado por destino fora acompanhado, como se esperava e definidamente o rico também se surpreendeu de que pudesse ser muito mais séria a relação: como ele volta ao sul, o namorado ainda visita? É namoro mesmo. É abandono de mim.

Mas a casa, eis que continuará a ser construída. Como o fez. E o pequeno se ria, que quem pregava agora as peripécias era a própria vida. Quanto é aprazível que a vida te embale em mares certos, ainda que mares bastante intensos. Alguém conhece o valor desse agradecimento? Nos diga... ou crês ser fruto de apenas mais uma de suas fantasias.

A verdade é que entre trabalho e trabalho que num próximo capítulo descreverei e voltarei ao Dito: o pequeno, pela primeira vez, deu espaço a imaginar ou curiosisar-se por um outono nordestino.

Coisa que até hoje lhe é difícil imaginar ou supor, porque imaginar de temperaturas e ventos: quem nos ensina?

Por volta de 48horas o pequeno e o ranzinza tiveram tempo sim de se amar um pouco: mas era tarde e lamentável que fosse, o nosso herói tão decidido, porque À partida de ônibus do ranzinza foi já tê-lo pensado: banido. Inútil ao seu destino, talvez mais tarde, talvez, muito talvez, quem sabe um amigo. Coisa que não ocorrerá, pois verão isto também em 2008 quando eles se encontrarão em outra cidade: na ilha.

Ah, não te atropelas nem te fragmentas, pequeno, que tenho dó de ti mesmo e a ti mesmo condeno de enredar histórias tão sórdidas aos infelizes, pequenos deleites que tu sabias não concretizar pra sempre, pequenos avisos que só dera previamente com os dedos minúsculos. E crês que viriam? Uma negação às vezes é doar o último cigarro do maço.

Diz que o sábio sabe a hora do inverno, mas que o bobo sabe e não consegue prevê-lo. O inverno mal começara e já se tremia inteiro de angústia. Mas em trabalho ininterrupto, a fora a idéia de um outono pros lados quentes: havia a segunda palavra do ranzinza. Numa virada de noite, foram 48horas, lembrem-se, como se do nada, mais uma vez do nada ele apelara ao pequeno. Nesses momentos, o engraçado, é que o ranzinza ficava mais leve e suave: por isso digo, há obra doutro mundo em qualquer lugar fugidio:

- Tu sabes, tu sabes que deves voltar a falar com aquela família, tu sabes disso, não?

Levantou-se da cama. Dessa vez não havia calma, um pequeno lapso talvez de agonia. Por que o ranzinza insistia nisso e não queria pensar nos misticismos, pois o pequeno era absolutamente contra análises de outra esfera. Pressentir a si mesmo já não era o bastante a ser um vidente?

- Não, não sei, porque, como eu te disse (tentou mais uma vez mentir) eu os conheci, há muitos anos, é como se você me contasse uma vez eu fiz pintura, e dez anos depois alguém lhe dissesse, volta lá porque o seu professor e seus colegas ainda estão lá, porque eles se lembram de ti, e você respondesse: mas quando eu fiz eu não via essa importância, eu apenas fiz, nem me lembro direito disso, depois segui com o que quis. Não foi algo importante, pra que insistir nisso?

- E não só nisso. Aquela energia que te falei... lembra, no Rio, ela te persegue aqui também.

- Então me fala disso que me interessa mais.

- Falo, que tu sabes qual é e que eu temo em dizer. É isso. Por que fazer pergunta que tu já sabes.

- Mas eu não sei! Me enfurnei aqui e você vem me dizer essas bobagens?

- Hum, se tu vês como bobagens, tu és mesmo um ignorante sabia?

E voltava aos poucos a ser o ranzinza de sempre e isso, de certa forma, aliviava o momento, mas não a mente já tão desacostumada de sanidade do nosso pequeno.

- E a tua mãe, ela não é toda espiritualista? (com tom irônico, poxa, acabaram de ser amigos, o ranzinzão tem mesmo jeito).

- As mães são todas espiritualistas, meu querido... meu querido, não falemos mais nisso.

E tirou sua calça e ali um sexo oral em que a lua batera bem com o vento calmo daquela noite fazendo a cortina traçar luz e ora sombra quase no mesmo movimento da boca em seu pênis já enrijecido. E o ranzinza parou de falar, como previsto.

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