Pequeno Prefácio do Autor

2008 é nome da obra em que me insiro num universo da passionalidade ficcional.
Não sei se ao leitor agradará o ritmo e os recortes ou os possíveis surgimentos, sei sim que entre a verdade e aquilo que inventamos há um universo inteiro: é nesse universo que estamos no ano de 2008.
Prefaciando cada capítulo meu, encontro Waldo Motta, poeta dominador de almas que é.

O último capítulo Réquiem está na barra acima por um motivo último.
Os capítulos são interdependentes podendo ser acompanhados sem ordem ou pela ordem do leitor.

Classificação etária: maiores de 16 anos.

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quinta-feira, 9 de abril de 2009

Rio de Janeiro XV

Antes do outono, eis nosso último subtítulo.
A aventura no Rio declina aos desejos do pequeno, convencido por si mesmo de sua volta. Mas que em nenhum momento ousou deixar vir a tona qualquer coisa relacionada ao feio, aliás, esquecera-se mesmo do ocorrido naquele quarto com aquele diálogo louco.

Era louco o diálogo, portanto passível de novo esquecimento, aliás, tinha sido forte: nada repercutira que pudesse lhe causar qualquer impacto ou pacto consigo mesmo.

Só a vontade doentia de voltar, de onde vinha, no fundo de tudo, de onde eclodia. De onde, meu deus, de onde começa a erupção senão lá de dentro por tempos sendo preparada, não?

Que ninguém o entendesse. A decisão tomada estava certa. Recebeu até proposta de aumento, recebeu proposta de que seriam até mais gentis. Recebeu amigos que fizera no início e que voltara apenas pra dizer-lhe: fica, e prometo, a gente se vê mais.

Mas não. Nada disso o concluia. Certo é que havia um montante de papéis a serem transpostos ao computador que estava num maleiro cheio na casa materna, guardada durante dez anos das coisas que escrevera à mão. Certo é que tinha mesmo a ânsia de terminar o "Antes que eu me esqueça" em outra cidade. Como fizera com "Arame Farpado", iniciado na capital federal e finalizado entre os braços da criação divina. Era essa a certeza do pequeno que do futuro só tinha medo de morrer sem se concluir por inteiro.

Mesmo grandes artistas do Rio não podiam crer que tal argumento fosse verdadeiro num corpo humano assim. E era.

Por isso voltou: de ônibus, sim. Deixando aos poucos a aventura bem guardada, sem remorsos, sem dor, com felicidade de ter sido corajoso naquela cidade, de não ter sofrido nada. Houve sim o fato de roubarem sua passagem uma semana antes da partida. Ele pediu ajuda ao polícia da esquina, praça dos Arcos, subiram os Arcos juntos, com o polícia posto em armas, o pequeno sem medo só queria a passagem, mas encontrou apenas a mochila deixada pra trás. Lembrou-se de ter segurado a mão de um dos assaltantes e dito: deixa a passagem comigo, só isso. Mas não adiantou, o que enervou mais o moço. Mas por lá, a coisa é rápida, e o coitado do pequeno, coitado, o moço viu, não adiantava brigar com ele: era hora de fugir.

Naquela noite, deu queixa, mas do que adiantaria? Pouca coisa, mas adiantou. Adiantou com a queixa com testemunhas sacar dinheiro no banco para partir. Adiantou que pensou: talvez seja um sinal do Cristo que nessa jornada de volta eu não deveria ir. melhor estaria protegido por bandidos.

Na partida. Só. Era de manhã. Todos trabalhavam. Só. A estrada de volta, sem piedade. Deixava as reminiscências adquirirem formas de inconsciências: estava agora ao futuro no outono, seu outono no colo da mãe e do frio. A estrada que muda climaticamente enquanto se aproxima ao destino final. Coisa do Brasil. Trópico de horrores góticos e naturezas incobertas. Trópico de sobrenaturalidades displicentes...

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