Pequeno Prefácio do Autor

2008 é nome da obra em que me insiro num universo da passionalidade ficcional.
Não sei se ao leitor agradará o ritmo e os recortes ou os possíveis surgimentos, sei sim que entre a verdade e aquilo que inventamos há um universo inteiro: é nesse universo que estamos no ano de 2008.
Prefaciando cada capítulo meu, encontro Waldo Motta, poeta dominador de almas que é.

O último capítulo Réquiem está na barra acima por um motivo último.
Os capítulos são interdependentes podendo ser acompanhados sem ordem ou pela ordem do leitor.

Classificação etária: maiores de 16 anos.

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terça-feira, 12 de maio de 2009

Outono quartorze

Algumas idas e vindas e o nosso heroizinho se recuperava ou se equilibrava ou se estendia um pouco mais: há rédeas demais em seu espírito.

Surpreendentemente o inocento começou a encontrá-lo, numa volta, num outro momento, numa esquina da Zimba, numa praia. Num lugar. Ele estava lá. Ele esteve lá e o observou sem mácula. O que ele queria, pouco importava ao pequeno que tu sabia prevenir, menos o amor.

Não que fugisse como de outrora de qualquer contato humano, mas não precisava mais se ver negar e despojar mortos corações a quem viesse. Homens-corvos que viriam lhe tragar o sémen, há tantos assim. E eu sou o quê? Julgava-se lesma. Só.

Certo é que o inocente não investia, sorria quando podia ser notado. Até que caminharam na praia, atividade que o pequeno passara a ter nos raros dias de sol dos últimos dias daquela estação.

Parece até que advinhara que descia sem pressa, olhos pra dentro bem dentro, com certeza angustiado de ser livre demais. Tinha seu plano em mente, mas a história não se prolongava em tempo de definir. E o inverno, por que demoravas?

Ele correu, sem os amigos ficava mais belo.

- Você sempre vem caminhar, né?

- Quando faz um pouco de sol. Ou quando o céu está claro, talvez. É bonito o sol de outono.

- Daria um título para um livro.

- Achei que você era surfista, não me lembro muito.

- Aquele dia na ilha eu me perdi. Mas tudo bem, eu tinha ficado tão feliz...

Caminharam bastante em silêncio.

- Eu leio sabia, eu leio.

- Eu também. Mas nunca irei ao mar. O mar me causa medo. Olha lá, não tem estrada pra ir.

Pararam e sentaram num monte de areia.

- Tem gente que fala de ti...

- Você já me disse isso.

- Mas eu não me importo.

- Não agora, depois... Depois você deverá se importar. Não se sinta mal se começares...

- Eu não tô nem aí, eu não me importo.

Até que o pequeno viu coragem naquelas palavras. Era a jovem coragem musculosa das ondas e dos ventos nunca tardios daquela cidade. Boa para poemas. Nunca para romances. Ou ambas as coisas. Vendo o mar, se perdia de fato e aquele mar horizontal foi-se verticalizando de tal forma que ele tonteou, mas fingiu. O inocente sorria tentando falar qualquer coisa agradável, mas talvez tivesse muito muito medo de cometer bobagens. O pequeno sentia isso por uma vibração de voz, mas estava concentrado naquele mar-tela-de-computador e do dia fatídico há pouco tempo que descobrira seu antigo amor na ciência neurológica. Foi quando se deu conta de que estava mal?

O inocente correu e por alguns momentos desaparecera por algum lugar. Em alguns minutos o pequeno chorou bastante a lástima de ser pego tão desprevenido. O rico certamente desaparecido. Os infelizes contentes, sentia. E o primeiro amor retombante feito o mar sem estrada. Retornante de um caldo semi sangue semi dor sem sêmem algum de si. Forte, chuvoso e demorado.

- É assim o amor, falou baixinho com os pés de areia e o vento que soprava bem ralo por cinco centímetros de chão. Traz calma com esses pedacinhos espetosos.

A mente vazia rompe o silêncio. É hora do inverno. Não pode ser que chegara ali por tanto e tão pouco. Verdade ou não: o pequeno tremeu frases que pareciam o nome do amado. antigo o feio amado e feio. Os cálculo todos lhe vieram e tudo o que ousou esquecer de memória e de sentimentos estava tudo a sua frente: o mar, de fato é uma desgraça aos homens sãos.

Levantou-se. Era hora de parar com tudo e alegrou-se: era mesmo a hora tão esperada. O inverno será daqui três dias apenas. E morre em paz. Se dei voltas pra descobrir este novo inferno em mim. Sentiu o nome que te evocava, mar a mar, estavam próximos.

Caminhou, mas sem chorar. Nem lágrima teria a sorte de vê-lo autohumilhado e descontente. Alegre também! Era a hora era a hora! Submeter-se ao antigo amor, que feia é a inocência pura e simples ou as crenças que não conseguiu tirar de si, de repente voltam como cataclismo de onde?

Ouvia de espírito o feio chamando o seu corpo todo sadio de ser frígido e a voz do inocente ao longe e correndo para alcançá-lo.

Sorria sempre? Por quê? E a camiseta fora do corpo, o vento chegava a cintura.

- É noroeste.

E dentro da camiseta mil pedras para que se divertisse. Você estava tão triste no seu silêncio. Suava. Suava em dia úmido como aquele suava. Mas tão impregnado de certo amor que o pequeno não se percebia dele e nem ele da dor do pequeno. Parados em que o mundo dizia: não.

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