Pequeno Prefácio do Autor

2008 é nome da obra em que me insiro num universo da passionalidade ficcional.
Não sei se ao leitor agradará o ritmo e os recortes ou os possíveis surgimentos, sei sim que entre a verdade e aquilo que inventamos há um universo inteiro: é nesse universo que estamos no ano de 2008.
Prefaciando cada capítulo meu, encontro Waldo Motta, poeta dominador de almas que é.

O último capítulo Réquiem está na barra acima por um motivo último.
Os capítulos são interdependentes podendo ser acompanhados sem ordem ou pela ordem do leitor.

Classificação etária: maiores de 16 anos.

Páginas lidas

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Outono sete

A mãe lhe chamara pra conversar. Foi uma conversa muito íntima, mas ela tocara no ponto existencial mais uma vez:

- Se ele vai esperar... como?

Mal se drenara da nova idéia e já lhe vinha o como e os porquês. As causas e consequências. E claro, as decpções de seu novo reinado.

Porém ele era sincero em responder que ainda não sabia como. Que ainda lhe faltava terminar todas aquelas páginas. E que terminaria muito mais rapidamente do que se pretendia. Ousaram dar um ano inteiro para o que concluiu em meses, quatro meses. Talvez os parentes até sentissem medo e calafrio: o que faria da sua vida depois dessa obsessão, se mal fala conosco e agora que descobrira que não precisa nem do amor que sente, e que não se lembra nem dos nomes do rico nem do feio, nem de ninguém que pudesse ter lhe dado a mão, é que desconfiamos de sua loucura imensa e qualquer coisa que ele vir a fazer pode ser qualquer coisa de destruição. A mãe duvidara que ele seria capaz de se matar. O irmão também. Conversaram.

No dia seguinte, ele não escrevera. Nada.

Ficara com aquilo na cabeça, é como o chefe de estado que novamente precisa pensar em vez de curtir o poder adquirido. Calcular e maquinar o futuro. Se tantas vezes o futuro lhe era irônico?! Por quê? Talvez burlar o futuro fosse seu novo brinquedo. Por que não? Também tudo.

De qualquer maneira, leitores, fechem os olhos para o que está por vir. Não é atoa que neste capítulo de estação nós revelamos partes do invisível. Nós, eu e o pequeno que se permitiu assim: e nem o seu querido Dito nem a sua querida Persone entraram no quarto com medo disto.

Em respeito a quem os gatos brincam?
- A ninguém.

Dois gatos malhados, o puro branco o puro negro em uma só pele. Os seus bigodes ambíguos, olhares de gente, as patas tão acaraciadas. Tão bem tratados gatos. Nem eles acompanhariam ou conceberiam o que se intocava. Porque há segredos em 2008, há segredos em 2007 e há segredos perpétuos aos quais o próprio pequeno desconhecia de si.

Aos, dos: pára-os. Ele disse. Ouviu suas próprias traições com muito cuidado. Ouviu seus pensamentos mais doentios. Deu vazão a eles, mas dessa vez não na escrita.

Não estava no futuro seu novo brinquedo. Mas ele ainda descobriria. O que lhe fez parar no entanto, fora um filme, coisa da cultura ocidental. A megalomania por desafios mentais, automentais, desaparecera quando, num momento de distração aceitara a vê-lo, porque era famoso? Por que saboreava muitas vezes da mãe e do irmão que lhe atendiam tanto de braços abertos.

Muitas vezes se perguntava, como eles o suportavam e se perguntaria até o fim, sabendo que aquilo se chamava amor. E sentindo amor por eles, lamentava que a sua sorte talvez fosse aquela: amor fraterno apenas amor universal.

O conflito, no entanto, não lhe invadia. Amor fraterno apenas era o que ele de fato sentia. Está feito, eu consegui, dizia pra si mesmo enquanto assistia ao filme.

A história do filme é demais conhecida. E que não revelarei por falta de parâmetros. Às vezes a cultura se volta contra si mesmo, pequeno, quando dela não queremos mais nada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário